Com o aumento do número de casos de internações por COVID-19, doença causada pelo vírus SARS-CoV-2, os hospitais tiveram que se adaptar a essa nova realidade. Além da suspensão de cirurgias e serviços eletivos, houve uma mudança no perfil de pacientes que eram atendidos nesses hospitais. Consequentemente, pode haver uma mudança no perfil microbiológico desses, podendo colocar em cheque os protocolos de antibioticoterapia. O objetivo do estudo é descrever o perfil microbiológico de um hospital público de referência para tratamento de COVID-19, na Grande Vitória, ES, antes e durante a pandemia.
MétodosO trabalho em questão é um estudo ecológico descritivo dos dados gerados dois anos antes da pandemia (2018 e 2019) e no primeiro ano da pandemia por COVID-19 (2020), provenientes do setor de microbiologia do referido hospital. Após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) (protocolo 4.374.111), os dados foram gerados através do sistema do hospital, MV2000i e posteriormente planilhados em Excel (Microsoft ® 365). Para análise comparativa, foram considerados os microrganismos e antibacterianos com ocorrência nos três períodos do estudo. Realizamos o teste de normalidade de Shapiro-Wilk e o teste t de student para amostras pareadas.
ResultadosO número total de isolados bacterianos em 2018, 2019 e 2020 foram 1917, 1913 e 1894, respectivamente, sem diferença estatística. Das 39 espécies com ocorrência nos três anos, 15 aumentaram a frequência, destaque para Klebsiella pneumoniae (aumento de 44.5% em relação a 2019) e 8 diminuiram, destaque para Escherichia coli e Staphylococcus aureus (diminuição de 29% para ambos em relação ao ano anterior). Foram pareados 33 ATBs e destes 13 apresentaram um aumento na porcentagem de isolados resistentes em 2020 (p < 0.0001) em relação aos anos 2018 e 2019. Os ATBs com incrementos de cepas resistentes em 2020 em relação a 2019 foram: norfloxacina (28%), oxacilina (19%), clindamicina (17%), imipenem (16%), eritromicina (13%), meropenem (12%), cefuroxima (12%), gentamicina (11%), ciprofloxacina (8%), trimetoprim/sulfametoxazol (8%), cefepima (5%), amoxicilina/ácido clavulânico (3%) e ceftriaxona (2%).
ConclusãoObservamos aumento significativo na porcentagem de isolados resistentes a diferentes antibacterianos no primeiro ano da pandemia por COVID-19, com destaque para aumento de Klebsiella pneumoniae resistentes. Apoio:
ApoioICEPi/SESA – CAPES.