14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA hanseníase é uma doença milenar causada pelo parasita Mycobacterium leprae, tendo o ser humano como único reservatório natural. Essa patologia manifesta-se como infecção crônica de evolução lenta com manifestações cutâneas e neurológicas, principalmente nos nervos periféricos. Apesar de antiga, essa doença persiste como um desafio de saúde pública em países em desenvolvimento, incluindo o Brasil.
ObjetivoAnalisar a situação epidemiológica da hanseníase na região Sudeste do Brasil de 2012-22, além de propor estratégias para melhorar sua evolução epidemiológica.
MétodoEstudo transversal, observacional e descritivo, com abordagem quantitativa, utilizando dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do DATASUS, abrangendo o período de 2012-22. Foram analisadas as infecções por hanseníase na região Sudeste, considerando variáveis como número de lesões, sexo, escolaridade e faixa etária.
ResultadosEntre 2012 e 2022, a região sudeste registrou 53.562 novos casos de hanseníase, com uma redução de 36,65% no total de casos. A incidência diminuiu ao longo desse período, com 2012 apresentando o pico e 2020 a menor incidência. O ES lidera a incidência por estado (171,27/105 hab.), seguido pelo RJ (82,26/105 hab.), MG(74,31/105 hab.) e SP(41,71/105 hab.). Foram registradas 377.481 lesões, sendo 78,5% multibacilares e 21,5% paucibacilares. Os homens representam 57,12% dos casos, e há uma prevalência em pacientes com níveis mais baixos de escolaridade (70% até o ensino fundamental completo). A faixa etária mais afetada é de 40 a 59 anos (38%), seguida por 60 a 69 anos (14%). Crianças e adolescentes têm a menor incidência, com uma queda nos registros após os 60 anos.
ConclusãoHouve uma redução na tendência de novos casos de hanseníase na região sudeste do Brasil de 2012 a 2022, possivelmente devido à eficácia do Programa de Controle da Hanseníase e subnotificação durante a pandemia de COVID-19. Destaca-se a necessidade de fortalecer esse programa na atenção primária e aprimorar a vigilância epidemiológica durante epidemias e pandemias. Apesar do predomínio da doença em homens de baixa escolaridade, não houve um aumento significativo de casos em jovens como observado em outros estudos, requerendo pesquisas adicionais para entender a incidência nessa faixa etária. Por fim, é essencial estabelecer políticas públicas para a população vulnerável, que contribui para a prevalência da forma mais severa da doença, garantindo o bem-estar e priorizando os princípios do SUS.