14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA esporotricose é uma infecção fúngica, transmitida por meio de contato direto com o solo, contato com animais ou via inalatória. Manifesta-se como úlcera cutânea e linfangite nodular, sendo incomuns em imunocompetentes as manifestações extracutâneas e disseminadas. Entre as formas imunorreativas, observa-se a artrite reativa poliarticular e migratória, representada em geral por quadros mais brandos e localizados, apesar da possibilidade de gerar incapacidade.
ObjetivoRelatar dois casos de esporotricose com diferentes acometimentos: articular e cutâneo, possivelmente com a mesma fonte de infecção.
MétodoRelato de caso.
ResultadosCaso 1: homem, 25 anos, estudante de informática, sem comorbidades, referia que, após arranhadura de gato doméstico em coxa esquerda, iniciou lesão de pele há um mês e aumento de linfonodo inguinal à esquerda há uma semana. Ao exame, presença de linfonodo em região inguinal esquerda de 3cm, fibroelástico e móvel e de lesão papular em coxa esquerda com sinais flogísticos e sem secreção. O título da contraimunoeletroforese (CIE) para esporotricose era de 1:2. O gato apresentava lesão de pele confirmada para esporotricose e pela avaliação clínico-epidemiológica foi prescrito Itraconazol 200mg/dia para o paciente. No retorno, paciente queixou-se de artralgia há 3 dias, inicialmente em tornozelos e progressão para joelhos e punho direito, sem derrame articular ou sinais flogísticos, mantendo lesão cutânea em coxa. Pela manifestação articular, foi aumentada a dose do Itraconazol para 400mg/dia e associado Prednisona 20mg/dia, com melhora parcial. Ultrassonografia de joelho esquerdo demonstrou tenossinovite de fibulares. Caso 2: parceira de 22 anos e estudante de medicina, iniciou quadro de máculas eritematosas dolorosas em joelhos que evoluíram para nódulos dolorosos um mês após o início dos sintomas do caso 1. CIE para esporotricose era de 1:16. Iniciado itraconazol 200mg/dia. Ambos evoluíram com melhora clínica.
ConclusãoAproximadamente 80% dos pacientes acometidos pela esporotricose apresentam a forma linfocutânea (caso 2), enquanto casos da forma imunorreativa (caso 1) são raros, pouco descritos na literatura e possivelmente associada a prejuízo funcional. Nos dois casos, a suspeita diagnóstica pelo contato intradomiciliar com uma fonte única (gato infectado) resultou no início rápido do tratamento, evitando maiores complicações.