14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA infecção relacionada à fratura (IRF) é uma das complicações musculoesqueléticas mais desafiadoras na cirurgia do trauma ortopédico. Uma definição validada de IRF e novas diretrizes clínicas só foram disponibilizadas nos últimos 5 anos e essa ainda não é a realidade brasileira.
ObjetivoEste estudo teve como objetivo identificar os métodos preventivos e diagnósticos adotados pelos cirurgiões brasileiros do trauma ortopédico no manejo da IRF.
MétodoUm questionário com 36 itens foi desenvolvido no REDCap, através do método Delphi, e enviado, por e-mail, a todos os usuários registrados da SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia).
ResultadosNo geral, 144 cirurgiões do trauma responderam à pesquisa. A maioria trabalha na Região Sudeste, tem o título de TEOT (título de especialista em Ortopedia e Traumatologia), trabalha em hospitais privados e possui mais de 10 anos de treinamento. Apenas 41% deles têm a colaboração de um grupo de infecção musculoesquelética no hospital onde trabalham. Embora as cefalosporinas sejam os agentes mais prescritos para profilaxia antibiótica perioperatória (PAP) em fraturas, observou-se uma prescrição frequente de aminoglicosídeos à medida que a classificação de Gustillo-Anderson para fraturas expostas aumenta. Além disso, a duração da PAP foi extremamente variável, com uma tendência para precrições mais longas em fraturas mais graves. Apenas 35% dos cirurgiões sempre ajustam a PAP ao peso do paciente. O uso de agentes antimicrobianos locais ainda é muito baixo, mesmo em fraturas com aumento da gravidade da lesão, e o risco de IRF em idosos raramente é estratificado para considerar a extensão da PAP. Febre, sinais locais e sintomas de resposta inflamatória foram os parâmetros diagnósticos mais comuns para diagnosticar IRF e cerca de 45% dos cirurgiões coletam 5 ou mais amostras de tecido para diagnóstico microbiológico, especialmente tecidos moles e fragmentos ósseos. Para o diagnóstico microbiológico, o uso da técnica da sonicação sobre implantes removidos ainda não é rotina na maioria dos hospitais brasileiros.
ConclusãoEste levantamento nacional forneceu uma visão geral da prática clínica na prevenção e diagnóstico de IRF. O manejo clínico permanece heterogêneo. Um grande problema é a falta de consenso quanto ao tipo e duração da PAP. Além disso, parece não haver acordo sobre a indicação para o uso de agentes antimicrobianos locais. Assim, há uma necessidade urgente de protocolos padronizados de prevenção e diagnóstico de IRF no cenário brasileiro.