14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA sustentabilidade do setor de saúde depende de estudos econômicos. O Antimicrobial Stewardship Program (ASP), em parceria com o Escritório de Gerenciamento de Valor (EGV), possibilita a análise comparativa do custo de tratamentos de doenças complexas, priorizando recursos. Um caso ilustrativo é a bacteremia por Staphylococcus aureus resistente à meticilina em pacientes com insuficiência renal crônica dialítica (MRSA-IRC). O tratamento com vancomicina, embora eficaz, traz desafios farmacocinéticos que mobilizam recursos materiais e humanos. Dessa forma, a daptomicina poderia ser uma alternativa custo-efetiva para o tratamento de MRSA-IRC.
ObjetivoAnálise comparativa de custo de tratamento de MRSA-IRC com vancomicina versus daptomicina na perspectiva SUS, a partir da parceria ASP-EGV.
MétodoPara apoiar o ASP, foi realizado o microcusteio de um tratamento de MRSA-IRC, desenvolvido no EGV de um hospital pediátrico de alta complexidade do Brasil, o qual é liderado por um farmacêutico especialista em análises econômicas. Nos estudos de microcusteio, todos os componentes de custo são definidos no nível mais detalhado a partir de dados individuais do tratamento do paciente. Foram coletados os custos médicos diretos, assim como os custos de recursos humanos, durante o período de tratamento.
ResultadosNa estimativa de tratamento de um paciente pediátrico com MRSA-IRC, que recebeu antibiótico por 15 dias e ficou internado por 20 dias, houve diferença de custo entre o uso de vancomicina e daptomicina. A análise comparativa evidenciou uma redução de 3% no custo total do internamento e redução de 48% no custo do tratamento com a utilização da daptomicina (R$1.517 versus R$793), além da otimização de tempo da equipe do ASP. Mesmo o custo unitário da vancomicina sendo quase 40 vezes menor, os custos com vancocinemia e estimativa de custo com a mobilização da equipe sobrepõe o custo do tratamento com daptomicina.
ConclusãoA parceria entre ASP e EGV na análise comparativa dos custos hospitalares no tratamento de condições complexas é fundamental para avaliação da viabilidade financeira, realocação de recursos e negociação com operadoras e SUS. O impacto desta parceria pode resultar em otimização do tempo da equipe assistencial no acompanhamento de outros casos. Poucos estudos consideram análises econômicas na rotina da assistência hospitalar, especialmente na pediatria, destacando uma área a ser explorada pelos gestores.