IV Congresso Goiano de Infectologia
More infoAproximadamente 26% dos casos de sífilis congênita (SC) não tratada durante a gestação resultam em óbitos fetais (OF) anualmente no Brasil. O coeficiente de mortalidade infantil por sífilis passou de 3,5 óbitos por 100.000 nascidos vivos em 2010 para 6,4 por 100.000 nascidos vivos em 2020. Isso reflete as consequências da negligência no diagnóstico e tratamento durante a gestação, evidenciando a gravidade do problema em questão. No Centro-Oeste, Goiás lidera o ranking de OF e óbitos infantis (OI).
ObjetivoAnalisar os casos confirmados de fetos até a 20ª semana e crianças de até 1 ano que vieram a óbito devido a SC em Goiás.
MetodologiaEstudo ecológico realizado por meio de dados extraídos do Departamento de Informática do Sistema único de Saúde (DATASUS) provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e do Sistema de informações sobre mortalidade (SIM) em Goiás entre 2017 a 2021. Realizou-se uma análise comparativa do número de OF e OI devido a SC.
ResultadosEntre 2018 a 2019, houve um aumento aproximado de 80% dos OI por SC (6 para 11 casos), enquanto que os OF aumentaram em mais de 100% (12 para 25 casos). Dentre os OI, a idade com maior número de notificações foi até 6 dias de vida, tendo sido registradas 26 mortes de 2018 a 2022 pelo SIM, contrastando com os 38 óbitos registrados pelo SINAN. A maioria das mães que evoluíram para OF apresentava as seguintes características: faixa etária de 15 a 19 anos (44% nos OF), escolaridade de 8 a 11 anos (48% nos OF), gestação única (98% nos OF), idade gestacional de 32 a 36 semanas (36%) e peso do concepto de 1500 a 2499 g. A divergência entre o número de óbitos registrada vai ao encontro da literatura, tendo sido apontada como uma subnotificação das mortes, destacando a falha de investigação pela vigilância epidemiológica (VE), dificultando o conhecimento desse tipo de óbito e, consequentemente, prejudicando a propositura de políticas públicas (PP) apropriadas pelo Estado. Ademais, há paralelo também quanto à epidemiologia, havendo diferença apenas na faixa etária das mães (mais novas no presente estudo), ressaltando a má qualidade na assistência pré-natal, em que a falta de orientação de mães jovens acarreta prematuridade, baixo peso e óbito.
ConclusõesReitera-se a importância da VE na análise adequada dos óbitos por SC, provendo dados para a elaboração de PP, as quais, juntamente a um bom pré-natal, poderão auxiliar na redução dessas mortes, consideradas evitáveis.