IV Congresso Goiano de Infectologia
More infoA tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, enquanto a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), ambas são um problema mundial de saúde. O HIV é o principal fator de risco para o desenvolvimento de TB, pois a coinfecção TB/HIV dificulta a adesão ao tratamento, favorece a TB multidroga resistente e as recidivas são maiores.
ObjetivoDescrever o perfil epidemiológico dos casos de coinfecção TB/HIV notificados em Goiás entre 2018 e 2022.
MetodologiaEstudo transversal retrospectivo realizado a partir de dados secundários obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), disponibilizado pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Seguindo o disposto na Resolução n° 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta pesquisas envolvendo seres humanos, o presente trabalho dispensa submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa. As variáveis avaliadas foram sexo, raça, faixa etária, tipo de entrada, situação de encerramento, tratamento diretamente observado (TDO), terapia antirretroviral (TARV) durante o tratamento para a TB e forma da doença.
ResultadosNo período avaliado, foram notificados 580 casos de coinfecção TB/HIV, com média de 116,0 ± 17,2 casos por ano. A proporção dos casos de coinfecção TB/HIV (580) por casos de TB (6.155) foi de 9,4%, enquanto dados gerais do Brasil indicaram 10,1%. Observou-se maior prevalência de casos no sexo masculino (78,6%), raça parda (72,4%) e faixa etária entre 30-39 anos (35,2%). Caso novo foi o tipo de entrada mais frequente (69,8%). Sobre a situação de encerramento, a cura foi predominante (36,4%), seguida por abandono (16,6%), óbito por outras causas (16,6%) e por TB (2,1%). Destaca-se que a prevalência de óbito por TB foi 1,36 vezes maior no sexo masculino. A maioria dos casos notificados não realizou TDO (51,0%). O uso da TARV foi realizado pela maioria (74,1%), indicando maior adesão em Goiás em relação aos dados gerais do Brasil (53,7%). A forma prevalente da doença foi a pulmonar (70,9%).
ConclusõesA coinfecção TB/HIV foi prevalente no sexo masculino, na raça parda e na faixa etária entre 30-39 anos. Destaca-se a não realização do TDO e o abandono do tratamento. O TDO quando realizado garante a adesão ao tratamento, previne o aparecimento de cepas resistentes aos medicamentos e diminui o risco de transmissão da doença na comunidade.