12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A Organização Mundial de Saúde aponta que 5% dos pacientes infectados pelo coronavírus podem precisar de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) com suporte ventilatório mecânico, números que podem ser agravados pelo alto grau de transmissibilidade da doença. Assim como em outros países, é possível que a pandemia possua efeitos divergentes entre as regiões brasileiras. Diante desse cenário torna‐se relevante analisar a distribuição de respiradores, leitos e óbitos por COVID‐19 entre as regiões brasileiras.
Objetivo: Analisar a correlação entre os leitos de UTI equipados com respiradores e os óbitos por COVID‐19 entre as regiões brasileiras, de março a junho de 2020.
Metodologia: Estudo transversal, retrospectivo, realizado através dos boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde. Analisou‐se o número de leitos de UTI com respiradores disponíveis e os óbitos por COVID‐19 entre as regiões brasileiras. Calculou‐se a taxa de mortalidade (TM) e o coeficiente de correlação de Pearson. Dispensa‐se apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa por serem utilizados dados públicos, sem identificação dos participantes.
Resultados: De março‐junho/2020, o Brasil apresentou 59.594 óbitos por COVID‐19, com aumento da demanda por leitos de UTI. Ao analisar as regiões brasileiras, observou‐se, na região Centro‐Oeste, TM de 1,8% (n=1.730), com 42,0% (n=726) de disponibilidade de respiradores para os pacientes que foram a óbito; no Sul, TM de 2,1% (n=1.604), com 101,4% (n=1.627) de disponibilidade de respiradores; no Norte, TM de 3,6% (n=9.526), com 7,7% (n=730) de disponibilidade de respiradores; no Nordeste, TM de 4,0% (n=19.268), com 13,7% (n=2.648) de disponibilidade de respiradores; e no Sudeste, TM de 5,7% (n=27.456), com 12,4% (n=3.413) de disponibilidade de respiradores. Quando analisada a relação entre disponibilidade de respiradores e TM, observou‐se correlação negativa moderada (r=‐0,68; p<0,05).
Discussão/Conclusão: O cenário observado aponta para disparidades entre as regiões brasileiras, evidenciando uma relação inversa entre a disponibilidade de respiradores e a taxa de mortalidade. Sudeste, Norte e Nordeste podem ser considerados regiões mais vulneráveis, devendo otimizar os serviços existentes e redimensionar recursos para fortalecer a capacidade de resposta do sistema de saúde em âmbito regional e local. Apesar do grande número de respiradores disponíveis no território brasileiro, os leitos habilitados ainda são insuficientes para alta demanda de pacientes que evoluem com a forma grave do COVID‐19.