XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA COVID-19, doença considerada pandêmica desde março de 2020, apresenta evolução espectral, desde casos assintomáticos até casos leves com Síndrome Gripal ou casos graves com evolução para Síndrome Respiratória Aguda Grave e óbito, sendo que diversos fatores já foram constatados como possíveis responsáveis por esse desfecho, como doença cardiovascular, pulmonar e neurológica. Todavia, ainda há pacientes sem comorbidades prévias que tem o curso desfavorável. O estudo possui por objetivo analisar nos casos de óbito por COVID-19, em paciente sem comorbidades, as condições que podem estar associadas a uma evolução desfavorável.
MétodosTrata-se de um estudo retrospectivo realizado a partir da análise de casos de óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave devida COVID-19 em pacientes sem comorbidades atendidos no Hospital de Base de São José do Rio Preto entre março de 2020 e fevereiro de 2022. Os dados retrospectivos foram coletados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe e de prontuário eletrônico.
ResultadosNo período de análise 6.640 pacientes foram hospitalizados, destes 5.678 (85,5%) foram excluídos das análises por apresentarem comorbidades. Dentre os pacientes sem comorbidades (962 [14,5%]), 80 (8,3%) foram óbitos, sendo estes comparados com 80 pacientes hospitalizados por COVID-19 que receberam alta hospitalar (grupo controle). Foi observado que nos três primeiros dias de internação, os pacientes que foram a óbito tiveram maiores valores de proteína C-reativa (p = 0,001), D-dímero (p = 0,002), creatinina sérica (p = 0,008) e maior proporção de indivíduos com taxa de filtração glomerular estimada < 60 mL/min/1,73 m² (p = 0,023). As taxas de admissão em UTI foram maiores nos casos de óbitos (p < 0,001), assim como a necessidade de suporte ventilatório invasivo (p < 0,001). Não houve diferenças em relação ao sexo, idade, etnia, nível educacional, período de admissão e o tempo entre o início dos sintomas e a admissão, exceto para o desconforto respiratório (p = 0,047).
ConclusãoPacientes com COVID-19 sem comorbidades que foram a óbito apresentaram com maior frequência desconforto respiratório, valores maiores de proteína C-reativa, D-dímero e creatinina, maiores taxas de admissão em UTI e necessidade de suporte ventilatório invasivo, quando comparados aos sobreviventes. Assim, acredita-se que tais fatores estão implicados em um desfecho desfavorável, os quais podem ser utilizados para acompanhar a progressão da doença.