Introdução: A nocardiose é uma infecção bacteriana que acomete principalmente pacientes imunossuprimidos. É causada por bactérias do gênero Nocardia spp., afetando principalmente os pulmões podendo também se instalar em outros órgãos. A maioria dos relatos de caso de infecção cutânea por Nocardia brasiliensis é do subtipo linfocutânea, sendo a espécie mais envolvida nesse tipo de infecção. A nocardiose cutânea geralmente é representada por uma infecção cutânea primária através da inoculação direta local. Pode‐se assemelhar com piodermites causadas por germes comuns, gerando dificuldades diagnósticas. Devido seu caráter invasivo, o diagnóstico e tratamento assistido é imprescindível para correto manejo da doença e desfecho favorável.

Objetivo: Relato de caso de nocardiose cutânea primária em paciente imunossuprimido pelo uso de metotrexato para artrite reumatoide.

Metodologia: Mulher de 75 anos, portadora de artrite reumatoide, em uso de metotrexato e corticoide sistêmico, refere surgimento de pústula dolorosa em membro superior com disseminação posterior em membro inferior. Foi admitida em unidade hospitalar com administração de antibioticoterapia empírica com ceftarolina e suspensão dos imunossupressores. Houve piora das lesões ao longo do tratamento com necessidade de drenagem cirúrgica e envio de material para cultura microbiológica, com crescimento de Nocardia brasiliensis, sendo então iniciado sulfametoxazol‐trimetropima. Exames de imagem de rastreio não evidenciaram comprometimento extracutâneo. Paciente evoluiu com melhora das lesões cutâneas e posterior acompanhamento ambulatorial.

Discussão/Conclusão: Nocardia brasiliensis é a espécie do gênero mais implicada nas infecções cutâneas. Devido à grande variação das manifestações clínicas do quadro cutâneo, o diagnóstico pode ser desafiador com necessidade de exclusão de outras infecções causadas por outras bactérias, fungos e parasitas. O diagnóstico é realizado a partir da identificação do agente em cultura. O gênero apresenta resistência intrínseca a diversas classes de antibióticos, dificultando o tratamento antimicrobiano. A resposta ao tratamento pode ser variada. Devido ao caráter insidioso e tropismo pelo sistema nervoso central, o acompanhamento ambulatorial é imprescindível, com atenção à sintomatologia neurológica. Ao contrário de outras piodermites, o tratamento é de longo prazo, mesmo após o desaparecimento das lesões, para o bom manejo clínico.