12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: Endocardite infeciosa é o processo inflamatório do endocárdio, sobretudo daquele localizado nas valvas cardíacas, causado por microrganismos. A vegetação, lesão característica, é composta por plaquetas, fibrina, microrganismos e células inflamatórias. Ela acomete mais comumente a valva mitral (40%) ou aórtica (34%), seguida pelo acometimento de ambas as valvas. Ruptura de folhetos, cordoalhas ou perfurações valvares, além de fístulas intracardíacas e insuficiência cardíaca são possíveis complicações. A endocardite é a segunda etiologia mais frequente de ruptura de cordoalha, sendo esta última a principal responsável pela regurgitação mitral pura em países desenvolvidos, representando a causa de 90% dos casos agudos.
Objetivo: Relatar caso de endocardite subaguda por Streptococcus mutans com ruptura de cordoalha da valva mitral, correlacionando achados e conduta clínica com dados da literatura.
Metodologia: Paciente masculino, 47 anos, casado, agricultor, procurou serviço de saúde com queixa de dor abdominal periumbilical, emagrecimento e febre diária há 5 meses, associada a hiporexia e astenia. Ao exame físico, apresentava‐se com sopro sistodiastólico 4+/6+ em foco mitral, irradiando para focos tricúspede e aórtico, pescoço e axila esquerda. No ecocardiagrama transesofágico, foi observado valva mitral com espessamento de ambas as cúspides e prolapso, com maior comprometimento da cúspide posterior. Notou‐se também imagem altamente sugestiva de cordoalha rota. Em consequência, há uma flail mitral valve e grave insuficiência valvar.
O diagnóstico de endocardite subaguda foi dado após hemocultura positiva para S. mutans e seguiu‐se por tratamento com ampicilina por 28 dias e gentamicina por 14 dias, suspensos após hemocultura negativa. No momento da alta, apresentou‐se estável clinicamente e tem cirurgia cardíaca programada.
Discussão/Conclusão: O diagnóstico de endocardite infecciosa tem o prolapso da valva mitral como fator de risco e deve‐se levar em consideração a integração de aspectos clínicos, laboratoriais e ecocardiográficos. Muitas vezes, o paciente apresenta‐se com anormalidades laboratoriais inespecíficas, incluindo anemia, leucocitose e PCR elevado. Comumente, encontram‐se lesões causadas por S. aureus (30%), no entanto, um grande grupo de patógenos podem ser responsáveis por tal acometimento, como o apresentado nesse caso. A ruptura de cordoalha pode se apresentar tanto com curso clínico agudo, subagudo ou crônico. O prognóstico a longo prazo é melhor quando feito tratamento cirúrgico.