12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum. As manifestações clínicas diferem em cada estágio da doença, dentre elas, destaca‐se a neurossífilis, a qual afeta o sistema nervoso central (SNC), podendo ser assintomática ou não. Já a Doença de Berger (DB), é uma glomerulonefrite causada pelo depósito de imunocomplexos anti‐imunoglobulina A, no mesângio glomerular, causando inflamação e lesão. Trata‐se de uma doença com evolução progressiva, que pode levar à necessidade de hemodiálise.
Objetivo: Relacionar diagnóstico e tratamento de neurossífilis com DB.
Metodologia: Paciente sexo masculino, 47 anos, homossexual e solteiro. Diagnosticado com DB em 2006. Devido à nefropatia teve que realizar seu primeiro transplante renal em 2010. Porém, em 2016 perdeu o enxerto decorrente de um quadro infeccioso, apresentando febre, rash cutâneo, linfonodomegalia cervical e inguinal e coma, do qual não soube referir a causa. Em junho de 2019, realizou tratamento para sífilis após sorologia positiva no líquor e dois meses depois foi submetido a um segundo transplante renal. Foi efetuada profilaxia para sífilis imediatamente após o transplante, porém não foram coletadas sorologias de controle. Em avaliação em dezembro de 2019, relatou perda de memória. Exames laboratoriais séricos demonstraram teste treponêmico 22,77 e VDRL 1:4. Após observação de manutenção de proteinorraquia com VDRL em líquor 1:1, mesmo com melhora das queixas, resolveu‐se iniciar tratamento eletivo para neurossífilis em fevereiro de 2020, recebendo alta logo em seguida. Foram levantados quatro diagnósticos de enfermagem, segundo o NANDA‐II, sendo o principal: risco de infecção associada a imunossupressão e doença crônica.
Discussão/Conclusão: As manifestações no SNC, referente a neurossífilis ocorre de 5 a 10% dos infectados, apresentando‐se após anos de latência. Foi encontrado apenas um estudo de caso com apresentação de neurosífilis após transplante renal, em que o paciente apresentou rápida progressão, com sintomas concomitantes de sífilis secundária, e foi explicado pelo uso de terapia imunossupressora após o transplante. Apesar disso, mesmo com uma terapia de imunossupressão por anos e diagnóstico de sífilis, o paciente não teve uma progressão rápida, assim como não apresentou clínica rica de sinais e sintomas, decorrentes da neurossífilis. A partir disso, cabe‐se a reflexão se houve reinfecção ou reativação da sífilis nesse caso.