12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A neurotoxoplasmose mostra‐se como importante causa de infecção oportunista causadora de lesões intracerebrais em pacientes imunossuprimidos, especialmente portadores de HIV com doença avançada. O diagnóstico presuntivo é realizado em muitos casos que apresentam clínica e imagem compatível, sendo a hipótese reforçada pela detecção de PCR para Toxoplasma gondii no líquor. Em casos selecionados, a biópsia cerebral pode ser indicada para um diagnóstico definitivo.
Objetivo: Relatar um caso de paciente imunocomprometida com quadro de neuroinfecção e as dificuldades diagnósticas encontradas.
Metodologia: Paciente de 25 anos, sexo feminino, diagnosticada com glomeruloesclerose segmentar e focal forma colapsante em biópsia renal, em tratamento com micofenolato e prednisona, busca atendimento no pronto socorro com quadro de crises convulsivas parciais, além de alteração comportamental com 1 mês de evolução. Em investigação realizada, foram visualizadas em ressonância magnética múltiplas lesões intra‐axiais principalmente de localização frontal e temporal, com efeito expansivo decorrente. No exame de líquor, observado leve proteinorraquia e PCR positivo para Toxoplasma gondii, levando então à introdução inicial de sulfametoxazol‐trimetoprim, com hipótese de neurotoxoplasmose, sendo completado seis semanas de tratamento. Evoluiu com manutenção de crises convulsivas de difícil controle, parciais e tônico clônica generalizadas, com manutenção de lesões em tomografia de crânio, sendo então realizada biópsia cerebral de lesão frontal, encontrado processo inflamatório crônico granulomatoso com necrose caseosa, com imuno‐histoquímica positiva para BCG e negativa para Toxoplasma. Iniciado RIPE, porém, devido à toxicidade, o esquema alternativo foi introduzido, a paciente evoluindo então com melhora de imagem e melhora clínica, com controle de convulsões.
Discussão/Conclusão: Entre o grupo de pacientes HIV positivos, a neurotoxoplasmose mostra‐se como a principal infecção oportunista a causar lesões intracerebrais; já no grupo de pacientes em uso de terapia imunossupressora, as doenças fúngicas ganham importância. Por tratar‐se de um método invasivo, a biópsia cerebral não é rotineiramente realizada, sendo a terapia empírica frequentemente iniciada dentro de um contexto de alta probabilidade clínica e radiológica. Nesses casos, em pacientes com evolução desfavorável, o diagnóstico deve ser questionado e xonsequentemente prosseguir com biópsia, como no caso relatado, que revelou tratar‐se de neurotuberculose.