12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: O Citomegalovírus (CMV) pode causar infecções que têm uma ampla extensão de apresentações, podendo apresentar‐se de forma assintomática; doença focal grave, incluindo retinite, sobretudo em pacientes portadores do HIV; e na forma sistêmica grave, a qual é pouco comum em imunocompetentes.
Objetivo: Relatar um caso de forma sistêmica grave de infecção pelo CMV em paciente imunocompetente.
Metodologia: Revisão de literatura e revisão integrativa de prontuário, com descrição de quadro clínicos, métodos diagnósticos e de tratamento.
Resultados: Paciente de 67 anos, do sexo feminino, hipertensa, proveniente de região que estava em surto de dengue, admitida com histórico de febre persistente havia 9 dias, artralgia, mialgia, com exantema difuso pruriginoso, petéquias em tronco e membros, evoluindo com piora clínica, com dor abdominal, vômitos e cefaleia. Havia usado Prednisona por 3 dias, sem melhora. Exames iniciais evidenciaram elevação de DHL, enzimas hepáticas, leucopenia com linfocitose e discreta plaquetopenia, já em ascenção. Inicialmente mantida com hidratação e sintomáticos. Sorologias negativas para Dengue, Zika, Chikungunya, Hepatites virais, Herpes 1 e 2, Toxoplasmose, HIV e Sífilis. Quimioluminescência IGM para Citomegalovirus Reagente e IGG não reagente. Parvovirus B19 IGG e IGM reagentes. Apresentou melhora inicial, mas por volta do 6° dia de internação, começou a evoluir com icterícia, vômitos incoercíveis, cefaleia, dispneia, piora da dor abdominal, oligúria e elevação importante de enzimas hepáticas (mais de 40 vezes acima do limite superior da normalidade), além de piora da plaquetopenia. Instituído tratamento com Ganciclovir 5mg/kg de 12 em 12 horas, por 14 dias, evoluindo com melhora clínica substancial a partir do 3° dia. Após 3 dias do final do tratamento, recebeu alta assintomática e com normalização de todos os exames laboratoriais.
Discussão/Conclusão: A infecção por CMV deve ser considerada no diagnóstico diferencial dos quadros virais e sobretudo na suspeita de hepatites virais. Considerando que a paciente não possuía imunodeficiência, observou‐se uma evolução atípica para forma grave sistêmica, com hepatite grave, o que geralmente não é o esperado. A sorologia positiva para Parvovirus B19 foi desconsiderada, podendo tratar‐se de reação cruzada. A administração de terapia específica com Ganciclovir foi bem‐sucedida, sem intercorrências, evoluindo para cura e remissão completa dos sintomas e alterações laboratoriais.