12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: Apesar de abscessos cerebrais serem relativamente incomuns, são infecções potencialmente fatais. Escherichia coli e Streptococcus do grupo B são os agentes bacterianos mais comumente envolvidos em meningite neonatal, sendo a formação de abscesso intracraniano por E. coli uma entidade extremamente rara em adultos, que vale a pena ser relatada.
Objetivo: Relatar um raro caso de paciente imunocompetente apresentando múltiplos abscessos cerebrais como complicação de meningite bacteriana por Escherichia coli.
Metodologia: Paciente E.A.A.F., sexo masculino, 49 anos, procedente de São Paulo/SP, admitido no pronto socorro com queixa de cefaléia intensa há seis dias, em região frontal direita, em aperto, com irradiação holocraniana, além de picos febris não aferidos no período. Ao exame físico, apresentava hemiparesia à esquerda, com predomínio braquial. O paciente não apresentava sinais meníngeos ou alteração do nível de consciência. O teste rápido para HIV foi negativo. A punção liquórica revelou líquor compatível com meningite bacteriana por Escherichia coli, optando‐se pela instituição de antibioticoterapia empírica com ceftriaxone. Visto que o paciente mantinha a queixa de cefaléia no decorrer dos dias, foi optado pela realização de RNM de crânio, evidenciando três lesões hipercaptantes localizadas em hemisfério cerebral direito, compatíveis com abscessos cerebrais. Baseado nesses achados, a antibioticoterapia já em vigência foi mantida por 4 semanas e o paciente recebeu alta hospitalar com melhora completa dos sintomas e ausência de sequelas neurológicas.
Discussão/Conclusão: A ocorrência de abscesso cerebral por E. coli em adultos é tão infrequente que, nos últimos 20 anos, há relato de somente 9 casos na literatura. Os microrganismos mais comumente envolvidos nessas infecções são Klebsiella, Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, Enterobacter e Proteus. Estudos em países ocidentais demonstraram que bacilos gram‐negativos são responsáveis por 10‐22% dos abscessos cerebrais, sendo Proteus e Pseudomonas os patógenos mais prevalentes, o que demonstra a raridade de nosso relato. Os sinais clínicos de abscessos cerebrais são inespecíficos, sendo cefaléia e febre os mais comumente reportados, porém a tríade clássica de febre, cefaléia e déficit neurológico focal é referida em somente 20% dos pacientes. Assim, estudos de imagem de crânio devem ser realizados ante a suspeita clínica, por serem cruciais para o diagnóstico definitivo e instituição precoce de terapia antibiótica adequada.