12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A histoplasmose (HP) é uma doença endêmica em algumas regiões das Américas. Possui alta carga de doença, difícil diagnóstico e acomete principalmente pacientes imunodeprimidos, sobretudo pessoas que vivem com HIV (PVHIV). Para esses pacientes vivendo com HIV apresentando coinfecção por histoplasmose (PVHIV‐HP), ainda é preciso elucidar melhor prognóstico e desfecho.
Objetivo: Diante disso, nós objetivamos neste estudo sumarizar os dados existentes sobre mortalidade em PVHIV‐HP nas Américas.
Metodologia: Foi realizada uma busca por artigos originais na literatura em bancos de dados eletrônicos, incluindo MEDLINE, Scielo e LILACS. O desfecho primário analisado foi a mortalidade em PVHIV‐HP nas Américas. Nós conduzimos uma metanálise de efeitos randômicos para estimar a mortalidade sumarizada entre estes pacientes. Para explorar a heterogeneidade entre os estudos, realizamos análises de subgrupos e modelos de meta‐regressão.
Resultados: Foram incluídos 62 estudos avaliando mortalidade em 4392 PVHIV‐HP nas Américas, 49 na América Latina (20 no Brasil) e 13 na América do Norte (todos nos Estados Unidos). Foi encontrada uma mortalidade sumarizada nas Américas de 27% (IC 95% 22 a 31). Na América Latina, a mortalidade no Brasil foi de 41% (IC 95% 33 a 49) e nos demais países de 20% (IC 95% 12 a 32). Na América do Norte, a mortalidade foi de 20% (IC 95% 12 a 32). Os modelos de meta‐regressão multivariados explicaram 37,7% da heterogeneidade encontrada (p<0,001). Os estudos realizados no Brasil (p<0,001) e estudos com coleta de dados antes da era HAART (p=0,006) apresentando associação independente com maior mortalidade.
Discussão/Conclusão: Nós encontramos uma alta mortalidade em PVHIV‐HP nas Américas, especialmente no Brasil, cuja mortalidade foi superior às demais áreas endêmicas. Os estudos analisados apontam um prognóstico ruim para esta população, a maioria em estágio avançado de imunossupressão. Diante disso, devem ser mais amplamente disponíveis nas Américas, especialmente no Brasil, mecanismos preventivos de adesão à terapia antirretroviral, testes que permitam o diagnóstico precoce da histoplasmose e medicamentos antifúngicos de menor toxicidade, como a anfotericina B lipossomal.