12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A biópsia hepática é considerada o padrão‐ouro para a avaliação da fibrose hepática, mas atualmente vem perdendo espaço para os métodos não invasivos, como os sistemas de pontuação, escore Aspartato aminotransferase to platelet ratio index (APRI) e o escore Fibrosis index based on the four factores (FIB 4).
Objetivo: Avaliação do grau de fibrose hepática através de métodos não invasivos em pacientes monoinfectados com HBV e coinfectados com HBV e Vírus da Hepatite Delta (HDV) admitidos nos anos de 2017 e 2018 no Centro de Pesquisa em Medicina Tropical de Rondônia (CEPEM).
Metodologia: Estudo retrospectivo de 324 prontuários de pacientes com HBV e HBV/HDV no CEPEM. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 10609819.0.0000.0011). Para as análises estatísticas foi utilizado o SPSS® versão 25.0.
Resultados: Dos 324 pacientes incluídos, 93,2% eram HBV e 6,8% HBV/HDV. Os escores APRI e FIB 4 foram calculados em todos os pacientes que tinham no momento da matrícula exames laboratoriais para os cálculos, sendo em 90% dos HBV e 95% dos HBV/HDV. De acordo com escores previamente descritos, foi observado que mais de 60% dos monoinfectados não tinham sinais de fibrose significativa, e que entre 5 a 10% tinham valores correspondendo a fibrose avançada. Nos HBV/HDV, aproximadamente 20% não tinham sinais de fibrose significativa e mais de 40% tinham valores correspondentes a fibrose hepática avançada. Quando comparados os dois grupos de pacientes obtivemos um valor de p<0,0001, demonstrando diferença estatisticamente significativa entre os moinfectados HBV e coinfectados HBV/HDV, tanto para ausência de fibrose como para fibrose avançada.
Discussão/Conclusão: Os escores APRI e FIB 4 demonstraram resultados semelhantes nos dois grupos, entretanto pacientes coinfectados tiveram escores mais elevados e uma porcentagem de fibrose avançada de mais de quatro vezes a população de monoinfectados. Os países endêmicos para HBV e HDV são países em desenvolvimento e a biópsia hepática em muitas regiões não é uma realidade. A utilização de métodos não invasivos de fácil aplicação para avaliação do grau de fibrose hepática seria de fundamental importância para o acompanhamento de pacientes monoinfectados e coinfectados nessas regiões. São poucos os estudos relacionados métodos não invasivos nos pacientes HDV e mais estudos são necessários para se entender o real papel desses métodos na prática clínica.