12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A inflamação do fígado pelo HCV é considerada a maior causadora de doença crônica do fígado e de transplante hepático em todo o mundo. O HCV pertence ao gênero Hepacivirus e familia Flaviviridae. Evolui para a fase crônica em 75% a 80% dos casos. Dez a 20% destes pacientes pode evoluir para cirrose, insuficiência hepática e carcinoma hepatocelular em um período de 20 a 30 anos. A biópsia hepática é o padrão ouro utilizado para avaliar o grau de fibrose. Marcadores não invasivos, como os biológicos, estão sendo cada vez mais estudados para tentar substituir a biópsia hepática.
Objetivo: Avaliar o desempenho de marcadores biológicos comparados ao grau de fibrose avaliado pelo estudo anatomopatológico de fragmento hepático, em pacientes crônicos com HCV do HCFMUSP.
Metodologia: Retrospectivamente selecionamos 301 pacientes, no período de 2010 a 2015. Os marcadores avaliados foram: APRI, FIB‐4, Forn Index, Lok Index, GUCI e FibroIndex. Através da construção de curvas ROC (receiver operator characteristic) foi mensurada a área sob a curva (AUROC), demonstrando assim o poder discriminativo de cada marcador comparado à biópsia hepática.
Resultados: Os graus de fibrose da biópsia hepática dos pacientes, avaliado pela escala METAVIR foram: F0 (n=46); F1 (n=120); F2 (n=74); F3 (n=45); F4 (n=16). Os principais resultados mostraram que o desempenho dos marcadores para discriminar o grau F4da biópsia hepática apresentou AUROC de 0,922 no marcador FIB‐4; 0,898 no APRI; 0,898 no GUCI e 0,841 no LOK. Analisando os pacientes com fibrose significativa (F2, F3 e F4), o desempenho dos marcadores apresentou AUROC de 0,805 do GUCI; 0,804 para o APRI. Já para os pacientes com fibrose avançada (F3 e F4) o APRI obteve AUROC de 0,833; GUCI de 0,833 e 0,831 de FIB‐4.
Discussão/Conclusão: Os marcadores não invasivos utilizados para a avaliação dos pacientes nos graus de fibrose hepática F0, F1, F2 e F3 apresentaram a área sob a curva ROC inferior a 0,8 não sendo classificados como muito bons ou excelentes. Para a avaliação de pacientes com cirrose, o marcador FIB‐4 foi excelente e o APRI, GUCI e LOK se mostraram como muito bons discriminadores. Agrupando os pacientes com fibrose avançada, o APRI, GUCI e FIB‐4 também são úteis para discriminar os pacientes. Concluímos neste estudo que os marcadores FIB‐4, APRI, GUCI e LOK são úteis para rastrear pacientes com graus de fibrose avançados de forma simples, menos invasiva e com baixo custo.