Meningite é a principal complicação infecciosa pós procedimentos neurocirúrgicos, causando até 91% de infecções nessa topografia, sendo responsável por elevada morbimortalidade.
ObjetivoDescrever a epidemiologia, a taxa de mortalidade e o perfil microbiológico das meningites cirúrgicas de um hospital especializado em neurocirurgia no qual os pacientes que apresentam estas complicações são internados no centro de terapia intensiva.
Material e métodosEste foi um estudo prospectivo, observacional, realizado no período de dezembro de 2013 a agosto 2021. Foram utilizados os critérios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para o diagnóstico de meningite pós neurocirurgias.
ResultadosForam detectados 64 casos de meningites relacionadas a neurocirurgia. A mediana da idade dos pacientes foi de 62 anos (21 a 80 anos). Houve um predomínio do sexo feminino com 39 casos (60,9%). Hemorragia subaracnóidea foi a causa da abordagem cirúrgica em 25 pacientes (39,1%), seguida por tumor intracraniano (37,5%). A taxa de mortalidade foi de 29,7% (19/64). Foram identificados microrganismos em 36 casos (56,2%) e entre estes casos houve um predomínio de Gram negativos, 72,2% (26/36). Klebsiella pneumoniae e Acinetobacter spp. foram as principais bactérias identificadas, com 25% e 19,4% dos casos respectivamente. Ocorreram infecções também por Pseudomonas spp. (3) e Enterobacter spp. (2) entre outros. Entre os Gram negativos, 10 eram multirresistentes (38,4%) sendo sete resistentes aos carbapenêmicos. Entre estes casos a mortalidade foi de 71,4% (5/7).
ConclusãoTem sido descrito pela literatura um predomínio de Gram negativos nas meningites relacionadas à neurocirurgias e os nossos dados estão de acordo com essa tendência. A letalidade destas meningites é elevada, principalmente em um cenário de multirresistência.