XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoM.D.C.S., 39 anos, homem cis, natural e residente de Ourém (zona rural do Pará), agricultor, casado, católico e com ensino fundamental incompleto, em 2ª internação no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), devido cefaleia intensa, hipertermia e êmese em janeiro/2020. Possuía histórico de meningite bacteriana tratada, com alta no início do mês dezembro/2019. Refere cefaleia rapidamente progressiva em dezembro/2019, de forte intensidade, localizada em regiões frontal e occipital, de caráter persistente, com irradiação para a região cervical posterior, olhos e seios maxilares. Associou-se febre, náuseas e vômitos, além de prurido cutâneo disseminado. Desse modo, foi coletado o Líquido Cefalorraquidiano (LCR), constatando: aspecto turvo, 104 células/mm3, 57% de polimorfonucleares, negativo para BAAR e cryptococcus sp. Foi iniciado tratamento com Ceftriaxone 2g, 12/12h, por 12 dias, sem melhora do quadro clínico; Vancomicina e Rifampicina por 11 dias e Meropenem por 16 dias (3 últimos em conjunto). Após 1 semana houve nova coleta de LCR, verificou-se cultura positiva para micobactérias após 13 dias de incubação. Instituiu-se a terapia medicamentosa com esquema básico da tuberculose (RHZE, 29/01/2020 – 11/02/2020), associado à dexametasona endovenosa (EV), obtendo melhora clínica importante. Em outra coleta de LCR ao final do mês de janeiro/2020, o material biológico foi enviado para o Instituto Evandro Chagas (IEC), sendo isolado o Mycobacterium fortuitum por cultura sólida (Lowebstein-Jensen), identificado pelo sequenciamento parcial dos genes DNAr, 16S, hsp65 e rpoB. Neste contexto, o tratamento foi substituído para esquema específico contra micobactérias não-tuberculosas (MNT): Amicacina 750mg/dia, Levofloxacino 1g/dia e Sulfametoxazol + Trimetropim 1600mg/dia + 200mg/dia. Em relação aos antecedentes pessoais, verificou-se que o paciente foi submetido a uma laparotomia exploratória com raquianestesia (22/10/2019), sendo este um possível foco de contaminação pela micobactéria. Possuía Tomografia Computadorizada de crânio – 15/01/2020 e a Ressonância Magnética de crânio - 21/02/2020 sem anormalidades. Devido possibilidade de infecção relacionada a assistência a ANVISA foi notificada. Paciente recebeu alta hospitalar no dia 20/02/2020 com melhora clínica importante. Seguirá em acompanhamento pelo SITE/TB (Sistema de Informação de Tratamentos Especiais para TB), com retorno ambulatorial no dia 27/02/2020 para consulta de acompanhamento.