XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoSífilis Congênita (SC) é uma doença transmitida verticalmente, durante a gestação e parto, se houver a presença de lesões genitais, e é causada pela bactéria Treponema pallidum. As sequelas causadas pela sífilis congênita variam de perda fetal precoce, parto prematuro e morte ao nascer, a malformação do feto, surdez e/ou cegueira, alterações ósseas e deficiência intelectual. A SC é uma doença de Notificação Compulsória desde 1986 e pode ser utilizada como um preditor da qualidade da atenção materno-infantil no Brasil. O presente estudo, tem como objetivo analisar e comparar a taxa de letalidade de SC na população de 0 a 1 ano no quinquênio de 2017 a 2021, no Nordeste.
MétodosTrata-se de um estudo ecológico de série temporal, com dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação: Sífilis Congênita (SC). Foram utilizadas as seguintes opções de busca: ano de diagnóstico, faixa etária de 0-1 ano, região Nordeste e Unidade de Federação (UF) de residência. As taxas de letalidade foram calculadas com informações do Sistema de Informações sobre Mortalidade.
ResultadosDurante os 5 anos analisados, ocorreram 278 óbitos de crianças menores de 1 ano por SC no Nordeste, apresentando uma taxa de letalidade média de 0,92%. A letalidade anual variou entre 0,6%, em 2020, 1%, em 2018, e um máximo de 1,5% em 2021. Baseado na mesma amostra, a faixa etária com mais óbitos foi a de 0-6 dias (71,2%), e a com menos óbitos foi a de 28-364 dias (12,5%). O estado nordestino com maior prevalência foi Pernambuco, com 26,6% dos óbitos no período selecionado. Já o estado de Sergipe foi o de menor prevalência, com 3,23% dos óbitos totais.
ConclusãoPercebe-se um certo padrão de estabilidade nas taxas de letalidade da SC, sem um importante marco de redução numérica. O ano de 2021 apresentou uma menor razão entre óbitos e diagnósticos notificados, justificando uma maior letalidade anual. Os recém-nascidos foram o grupo com maior quantidade de desfechos negativos, sendo a idade de 0-6 dias crítica para as taxas de letalidade. A Estratégia de Saúde da Família (ESF) é a medida mais eficiente para o controle dos casos de Sífilis Congênita. O pré-natal deve ser oportunístico e garantir a disponibilidade de testagem para sífilis materna no primeiro e terceiro trimestre, bem como no momento do parto. Isso visa garantir o diagnóstico e tratamento precoces, que quando realizados evitam as manifestações clínicas intrínsecas a SC negligenciada.