XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA Leishmaniose é uma patologia infecciosa originada por protozoários do gênero Leishmania. Pode ser classificada em tegumentar, quando atinge pele e mucosas, ou visceral, quando acomete órgãos internos do corpo humano. A Leishmaniose Tegumentar tem grande incidência no Brasil, sendo considerada endêmica no país. Apresentação do caso: Paciente do sexo masculino, 51 anos, residente no município de Monte Dourado/Pará, relatou a presença de lesões cutâneas no dorso. O resultado do exame laboratorial parasitológico direto, juntamente com a inspeção, confirmou o quadro de leishmaniose tegumentar. No exame físico, constataram-se 8 lesões no dorso, descritas como pápulas eritematosas com crostas superficiais. O tratamento iniciou em dezembro de 2022 com antimonial pentavalente, por via endovenosa, sendo prescritas 60 ampolas. O esquema posológico inicial foi: 12,5 ml de glucantime, uma vez ao dia, por 20 dias. O paciente não obteve resposta ao tratamento, então o reiniciou, sendo prescritas 90 ampolas por 30 dias. O tratamento inicial foi realizado em Monte Dourado. Após o término do tratamento e sem melhora, o paciente viajou até o município de Macapá/Amapá para nova avaliação. O número de lesões evoluiu para cerca de 100, tendo as seguintes características: múltiplas pápulas eritematosas com crostas superficiais, algumas confluentes, na região superior e medial do tronco, braços e pernas. Foi iniciado um novo tratamento em abril de 2023 com isetionato de pentamidina 300 mg, no qual foram prescritas 5 ampolas, aplicadas uma a cada dois dias, diluídas em 5 ml de água destilada. Desta solução, foram retirados 5 ml e misturados com soro glicosado, e administrados por via endovenosa. Durante o tratamento com pentamidina, o paciente relatou melhora, ocorreu diminuição do número de lesões e mudanças em seu aspecto, que apresentou cicatrização.
ComentáriosA Leishmaniose Tegumentar do tipo difusa, por ser uma condição clínica mais grave e com cura difícil, pode ser tratada com isetionato de pentamidina. Além disso, esse fármaco é o tratamento de primeira linha para a espécie com maior predominância na região norte, a Leishmania (Viannia) guyanensis. Isso evidencia que o manejo inicial poderia ter sido mais eficaz caso a escolha inicial tivesse sido o isetionato de pentamidina, em substituição ao glucantime que teve um impacto menor do que o esperado.