Data: 18/10/2018 ‐ Sala: TV 9 ‐ Horário: 10:51‐10:56 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: A leishmaniose visceral é uma doença de evolução crônica, com febre, perda ponderal, desnutrição, esplenomegalia e pancitopenia. A evolução aguda geralmente é marcada pela presença de febre e diarreia, além de sintomas constitucionais autolimitados. Na literatura poucos casos são descritos de evolução aguda fulminante de leishmaniose visceral, especialmente em adultos.
Objetivo: Relatar o caso de paciente jovem, previamente hígido, com evolução fulminante e fatal de leishmaniose visceral.
Metodologia: Paciente sexo masculino, 28 anos, natural do Maranhão, procedente de São José do Rio Preto, SP, havia seis meses trabalhava como administrador de obras, negava comorbidades e era tabagista 13 anos/maço. Foi admitido com queixa de febre de 39°C, dispneia e dor abdominal iniciadas havia 10 dias. Ao exame físico, apresentava‐se em bom estado geral, desidratado, ictérico, com fígado doloroso e palpável a 4cm do rebordo costal, traube ocupado. Os exames laboratoriais inicialmente mostraram pancitopenia, aumento de bilirrubinas e transaminases aumentadas 35 vezes comparadas com o valor de referência. Após três dias da admissão, ainda em bom estado geral, apresentou pioria dos parâmetros laboratoriais com anemia e plaquetopenia, pioria das funções hepática e renal. Após mais um dia, evoluiu com pioria importante do estado geral e da dor abdominal, apresentou hematúria e melena, rebaixamento do nível de consciência e hipotensão, foi intubado e levado a unidade de terapia intensiva. Durante a investigação, foram descartadas hepatites virais A, B e C, dengue, infecção pelo HIV, malária e febre amarela. Em mielograma foram evidenciadas múltiplas leishmanias intra e extracelulares, confirmou‐se a hipótese de leishmaniose visceral. Recebeu anfotericina b lipossomal por um dia, porém evolui para óbito após disfunção de múltiplos sistemas após quatro dias da admissão.
Discussão/conclusão: A evolução aguda e fulminante da leishmaniose visceral, que cursa com disfunção hepática grave e rapidamente progressiva é bastante rara e geralmente associada a importante parasitemia. Em áreas de múltipla circulação de agentes, inclusive arbovírus como vírus da febre amarela, o diagnóstico diferencial de doença febril aguda associada a hepatoesplenomegalia consiste num grande desafio para o médico assistente. Conhecer até as diferentes formas de evolução clínica, ainda que raras, das infecções mais frequentes é uma ferramenta importante no manejo de tais pacientes, a fim de evitar desfechos desfavoráveis.