Data: 18/10/2018 ‐ Sala: TV 9 ‐ Horário: 10:44‐10:49 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: A leishmaniose é uma doença causada por protozoários intracelulares obrigatórios do gênero Leishmania, transmitida por mosquitos dos gêneros Phlebotomus e Lutzomyia. Infecta o sistema fagocitário de hospedeiros mamíferos e resulta em resposta granulomatosa dependente de células T. A imunossupressão pode reativar infecções latentes, estudos sugerem que o uso dos inibidores de fator de necrose tumoral (anti‐TNF) tem aumentado o número de casos da leishmaniose nessa população.
Objetivo: Relatar o sucesso de terapia de manutenção com anfotericina B lipossomal após a reativação de leishmanionose mucosa em paciente portador de espondilite anquilosante primária (EAP) grave com necessidade de uso de anti‐TNF.
Metodologia: Masculino, 37 anos, natural de Roraima, portador de EAP em tratamento com adalimumabe desde março 2015 por refratariedade a outras modalidades terapêuticas. Avaliado no setor de otorrinolaringologia por rinorreia piosanguinolenta e obstrução nasal havia três anos com pioria significativa após introdução de anti‐TNF. Submetido à nasofibroscopia, que revelou crostas, sinéquias e lesões granulomatosas. Foram consideradas as hipóteses de linfoma nasal, granulomatose de Wegener ou leishmaniose. Exames revelaram Anca não reagente, Elisa para leishmania > 1:1280, imunofluorescência indireta para leishmania de 1:80 e anatomopatológico demonstrou processo inflamatório crônico linfoplasmocitário com PCR para leishaminose detectado. Paciente foi tratado com anfotericina B lipossomal, dose acumulada de 35mg/kg, e optou‐se por suspensão de adalimumabe em julho 2015, mas, diante de gravidade da doença e melhoria das lesões nasais, a medicação foi reintroduzida em dezembro. Dois meses após reintrodução de anti‐TNF, paciente voltou a apresentar sintomas nasais, foi submetido a nova internação para terapia com anfotericina B lipossomal em dose acumulada 40mg/kg. Pela impossibilidade de suspender o anti‐TNF e diante de recidiva da leishmaniose, optamos pela manutenção da anfotericina na dose de 3,0mg/kg a cada 21 dias como terapia de manutenção e não houve mais recorrência da doença mucocutânea até o momento
Discussão/conclusão: A leishmaniose mucosa deve fazer parte do diagnóstico diferencial das lesões nasais nos pacientes em regime de imunossupressão, principalmente naqueles em uso de anti‐TNF. Nos pacientes com doença autoimune grave na qual não há possibilidade de suspensão de terapia imunobiológica, a terapia de manutenção com anfotericina B parece evitar recidivas.