Data: 19/10/2018 ‐ Sala: TV 1 ‐ Horário: 13:51‐13:56 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: No início dos anos 2000, pacientes que vivem com HIV desde a infância iniciaram a transferência de cuidado pediátrico para o de adultos no Brasil. Pouco há descrito sobre desfechos clínicos desfavoráveis no período da transição entre os serviços para esse grupo de pacientes com diversas complexidades em seu tratamento.
Objetivo: Investigar fatores associados à viremia por HIV e ao número de células CD4+ desses jovens durante os dois últimos anos no serviço pediátrico e os dois primeiros anos no serviço de adultos (período de transição).
Metodologia: Estudo de coorte retrospectiva com inclusão de todos os jovens transferidos do serviço pediátrico e que foram atendidos em ao menos uma consulta médica no serviço de adultos. Foram feitas análises de regressão linear univariada e multivariada com uso de modelos mistos, com definição das variáveis de ajuste através do uso de Direct Acyclic Graphs (DAG) e assumidos erro padrão robusto e erro alfa bicaudal de 0,05.
Resultado: Foram incluídos 41 jovens com mediana de 19 anos, 95% infectados por transmissão vertical, 51% órfãos, escolaridade mediana de 12 anos, 54% mulheres e 73% de cor branca. Durante o período da transição a adesão inadequada (aferida por registro de prontuário, retirada de medicamentos antirretrovirais na farmácia ou falta em consultas) foi superior a 70% em ambos os serviços. A viremia por HIV mediana teve redução progressiva (3,72 para 1,95 log10 cópias/ml) e a mediana do número de células CD4+ elevou‐se no fim do seguimento (289 para 376 cel/mm3). A incidência de adoecimentos relacionados à Aids foi de 16,5/100 jovens‐ano e de hospitalizações foi de 10,5/100 jovens‐ano. Identificou‐se associação entre viremia por HIV e menor nadir de células CD4+, uso de maior número de esquemas ARV na pediatria e adesão inadequada ao tratamento. Menor número de células CD4+ foi associado a menor nadir de células CD4+, adesão inadequada, maior carga viral do HIV, uso do Efavirenz e a não ter o estudo como ocupação exclusiva.
Discussão/conclusão: Durante a transição do cuidado pediátrico para o de adultos houve alto percentual de jovens com viremia detectada e sem a restauração adequada da imunidade. O uso do Efavirenz deve ser avaliado com cautela durante esse período e as equipes devem atentar para a rede de apoio social dos jovens, além de ter atenção redobrada com os jovens com histórico de baixo nadir de células CD4+, adesão inadequada e baixo número de células CD4+.