12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: O processo natural de envelhecimento resulta em redução da reserva funcional e alterações na imunidade de forma fisiológica. Essas mudanças colocam os idosos em alto risco de doenças infecciosas. Na população geriátrica, nem sempre o diagnóstico do processo infeccioso é simples. Frequentemente faltam sintomas clássicos e a obtenção precisa de histórico é muitas vezes complicada por comprometimento cognitivo. As Instituições de Longa Permanência para idosos (ILPIs) apresentam particularidades para infraestrutura, serviços, recursos e rotinas. Nesse contexto, idosos residentes em ILPIs apresentam fatores de risco adicionais para o desenvolvimento de infecções.
Objetivo: Avaliar os fatores associados as práticas de manejo de infeções em idosos residentes em instituições de longa permanência;
Metodologia: Estudo observacional, do tipo inquérito, conduzido em 80 ILPIs em São Paulo. Aplicação de questionário estruturado a médicos e enfermeiros de ILPIs avaliando fatores associados a diferentes condutas relacionadoas ao paciente, corpo clínico, familiares, infraestrutura e estrutura administrativa.
Resultados: Foram entrevistados 40 médicos e 40 enfermeiros. As ILPIs eram em sua maioria privadas, com número de leitos variando entre 15 e 350. Todas, exceto uma, tinham médicos em suas equipes, com carga horária variando entre visitas mensais a 24 horas por dia. Na maioria, os médicos da própria ILPI são os responsáveis pela prescrição de tratamentos antimicrobianos frente a suspeita da infecção. Nenhuma das ILPIs entrevistadas possui laboratório próprio, dependendo do convênio do paciente ou da rede pública para realização de exames. No dia da entrevista, 6% do total de residentes estava em uso de alguma terapia antimicrobiana. Entre os profissionais entrevistados, 77,5% se diz sempre preocupado com organismos multirresistentes em sua prática e 56,2% sempre se preocupa com o desenvolvimento de programas para o uso de antibióticos em seu local de trabalho. Nas perguntas direcionadas a equipe médica, 22,5% se declarou sempre confiante em iniciar terapia empírica em suspeita de infecção e 72,5% se declarou sempre confiante em distinguir infecção do trato urinário de bacteriuria assintomática. O quadro clínico e a expectativa de vida do paciente são os fatores apontados como os de maior influência na decisão de prescrever o tratamento antimicrobiano.
Discussão/Conclusão: O conhecimento desse cenário é importante para evitar o uso desnecessário de antimicrobianos, seus efeitos colaterais e o aumento da resistência bacteriana.