A doença de Chagas é uma enfermidade tropical de extrema relevância, visto que apresenta alto índice de infectados e possui grande impacto socioeconômico. Entretanto, as drogas disponíveis possuem diversas restrições quanto à efetividade, dessa forma, é crucial a busca por novos medicamentos. Os ramnolipídeos têm chamado atenção como agente antimicrobiano, pois provocam alteração da permeabilidade da membrana de microrganismos, destruindo-os ou potencializando o efeito de outras drogas.
ObjetivoO objetivo do presente estudo foi avaliar a ação do ramnolipídeo sobre cultura axênica de cepa Y de Trypanosoma cruzi.
MétodoCom este intuito, 105 epimastigotas/mL foram incubadas a 25°C em meio LIT (Liver Infusion Tryptose) e expostas ao ramnolipídeo na concentração de 0,5% durante 24 horas. Culturas não tratadas e tratadas com violeta genciana nas concentrações de 12,5µg/mL e 125µg/mL foram utilizadas em todos os ensaios como controle negativo e positivo, respectivamente. Após o período de incubação, as culturas foram avaliadas quanto ao crescimento, sendo este parâmetro observado em contagem em câmara de Neubauer. Os resultados foram expressos como a quantidade média de epimastigotas que cresceram após o período de incubação, sendo as culturas experimentais comparadas às culturas controle.
ResultadosObservou-se que a cultura tratada com ramnolipídeo apresentou inibição significativa de crescimento em comparação ao cultivo não tratado, não sendo encontradas células viáveis à observação em microscópio óptico, além de serem observadas alterações na morfologia, como arredondamento, perda de flagelo e motilidade. As culturas tratadas com violeta genciana a 125µg/mL não apresentaram células viáveis e a tratada com o corante a 12,5µg/mL mostrou poucas células viáveis com alterações morfológicas, sendo as formas lentas e arredondadas.
ConclusãoOs resultados obtidos demonstram que o ramnolipídeo apresentou atividade sobre cultura de T. cruzi, promovendo inibição do seu crescimento. Por ser uma substância anfipática, o ramnolipídeo deve ter alterado a permeabilidade da membrana celular das epimastigotas, visto que foram observadas células túrgidas após a exposição ao biossufactante.