12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoAg. Financiadora: FAPESP
Nr. Processo: 2017/14846‐0
Introdução: Embora haja diminuição nos níveis de mediadores inflamatórios após início da terapia antirretroviral (TARV) em pessoas que vivem com o HIV/aids (PVHA), não é comum a normalização destes parâmetros. Ademais, alguns efeitos adversos causados pela TARV estão associados a alterações metabólicas e bioquímicas, bem como ao estado nutricional e composição corporal, contribuindo para o desenvolvimento precoce de comorbidades não‐AIDS. Considerando que tais efeitos poderiam ser atenuados na presença de agentes com ação anti‐inflamatória, a própolis poderia ser uma candidata na promoção da saúde destes pacientes.
Objetivo: Investigar a influência da ingestão diária da própolis verde brasileira (EPP‐AF®) por PVHA assintomáticas (supressão viral sustentada) em marcadores bioquímicos e nutricionais, além de verificar a segurança, considerando possíveis interações da própolis com os antirretrovirais ou com alterações clínico‐laboratoriais.
Metodologia: Este ensaio clínico prospectivo, randomizado, duplo‐cego controlado por placebo envolveu 40 participantes, sendo que 20 fizeram ingestão diária de comprimidos contendo própolis (500mg) e 20 ingeriram placebo. A análise dos parâmetros laboratoriais/bioquímicos, antropométricos e de bioimpedância foram realizados em dois momentos: antes (M0) e 3 meses após intervenção (M1). Verificou‐se também se possíveis alterações estariam relacionadas com mudanças no padrão alimentar de cada participante, considerando 2 recordatórios 24h (pré‐coleta) e 9 questionários alimentares (3 mensais). Para análise estatística, foram utilizados os testes Poisson, Gamma e ANOVA seguida de Tukey.
Resultados: Ambos os grupos foram homogêneos em relação às características clínicas e sociodemográficas, sem nenhuma mudança na dieta dos participantes. Apesar da maior média da atividade de creatinofosfoquinase (CPK) (p=0,011) ter ocorrido no M1 naqueles que receberam própolis, não excedeu o valor de referência. A concentração de magnésio foi maior neste mesmo grupo (p=0,003), o que sugere manutenção na homeostase destes indivíduos. Nenhum outro parâmetro, incluindo carga viral, foi alterado pela utilização da própolis.
Discussão/Conclusão: Além da própolis ter contribuído com aumento nos níveis de magnésio, os demais marcadores bioquímicos, nutricionais, metabólicos e clínicos não foram alterados, indicando que sua ingestão diária (500mg) é segura para esta população.