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Vol. 26. Issue S1.
(January 2022)
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Vol. 26. Issue S1.
(January 2022)
EP 111
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INFECÇÕES OPORTUNISTAS COM ACOMETIMENTO OCULAR NA AIDS: DESAFIOS DIAGNÓSTICOS
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Matheus Oliveira Bastos, Mayara Secco Torres da Silva, Maíra Braga Mesquita, Livia Cristina Fonseca Ferreira, Andrea D‘ávila Freitas, Marcelo Luiz Carvalho Gonçalves, Estevão Portela Nunes, Marco Antonio Sales Dantas de Lima, André Luiz Land Curi, Ana Luiza Biancardi
Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
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Vol. 26. Issue S1
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Introdução

Pessoas com AIDS estão vulneráveis a infecções oportunistas oculares resultando em sequelas visuais e apresentações atípicas desafiadoras.

Descrição do caso

Homem, 33 anos, com HIV há 9 anos em abandono de terapia antirretroviral (TAR) há 6 anos, apresentou em março/2021 cefaleia e redução súbita da acuidade visual (AV) em ambos os olhos (AO). Relatou episódio de herpes-zoster dorsal três meses antes, tratado com aciclovir. Os exames realizados à internação evidenciaram na ressonância magnética do crânio aumento do diâmetro do nervo óptico direito, carga viral (CV-HIV) igual a 87.118 cópias/mL, CD4 igual a 28 células/mm3 e antígeno criptocócico (CrAg) positivo no soro. As sorologias revelaram IgG reagente para varicela-zoster (VZV), herpes simplex vírus e citomegalovírus (CMV). O exame do líquido cefalorraquiadiano (LCR) revelou proteinorraquia de 73,7 mg/dL, glicorraquia de 53 mg%, 14 células (98% mononucleares) e CrAg negativo. A fundoscopia foi normal em AO. Foi aventada a hipótese de neurite retrobulbar por criptococose, tratada com anfotericina B deoxicolato e fluconazol por 14 dias, com melhora parcial da AV e dos parâmetros liquóricos. Recebeu alta em tratamento de consolidação com fluconazol e introdução de TAR (esquema de primeira linha). Porém, reinternou em maio/2021 com queda do estado geral, febre, cefaleia e redução da AV. À ocasião, o LCR revelou celularidade de 5 (100% mononucleares), proteinorraquia de 109,3 mg/dL, CV-HIV sérica de 180 cópias/mL e CD4 de 100 células/mm3 (6,48%). Exame oftalmológico revelou midríase fixa no olho direito e fundoscopia sugestiva de retinite por CMV. O exame neurológico foi compatível com meningoencefalite herpética e após introdução do ganciclovir, ocorreu melhora parcial da midríase e AV, possivelmente por melhora da encefalite. No entanto, o PCR multiplex no LCR foi positivo para VZV, confirmando necrose retiniana aguda por VZV, com modificação da terapia para aciclovir. Em setembro/2021, mantém supressão viral em recuperação imunológica e déficit visual grave.

Comentários

Múltiplas infecções oportunistas impactam a qualidade de vida dos pacientes. Neste caso, o paciente apresentou uma forma grave de retinite por VZV, possivelmente associada a um componente de reconstituição imunológica, precedida por neurite retrobulbar criptocócica. A investigação por técnicas moleculares associada ao exame oftalmológico podem antecipar o diagnóstico e evitar a progressão da perda visual.

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