Data: 19/10/2018 ‐ Sala: TV 10 ‐ Horário: 10:51‐10:56 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: A elevada prevalência de resistência antimicrobiana da Neisseria gonorrhea fez com que o Ministério da Saúde mudasse a orientação terapêutica dessa infecção para ceftriaxona e azitromicina. Estudo de vigilância da resistência in vitro do gonococo mostrou uma taxa superior a 50% em todo o Brasil. Entretanto, dados da Europa, com três casos publicados, já identificaram resistência do N. gonorrhea a vários antibióticos (pan‐R). Vamos relatar um caso de paciente com infecção gonocócica, com uso prévio de vários antibióticos e com resistência intermediária a cefalosporina de 3ª geração.
Objetivo: Descrever caso de paciente com infecçao gonocócica por bacteria multirresistente
Resultado: Paciente de 55 anos, sexo masculino, com queixa de disúria, exame urológico evidenciou espessamento do epidídimo. Encaminhado para espermograma e espermocultura em maio/2017, foi isolado Neisseria gonorrhoeae multisensível. Optou‐se por tratamento com ciprofloxacino, apesar de assintomático no momento. Repetida a espermocultura em julho/2017, com nova positivação de Neisseria gonorrhoeae MS, retratado com ceftriaxona 500mg e azitromicina 1g. Persistiu com cultura positiva, porém com novo perfil de sensibilidade, apenas a cefepime e cefoxitina. Feito novo tratamento com Cefepime por 10 dias. Durante internamento, fez USG de próstata e de bolsa testicular, afastou‐se prostatite e foram observadas ao redor da cabeça do epidídimo imagens císticas multiloculadas. Não foi indicada abordagem urológica. Espermocultura de 21/05/18 teve ausência de crescimento de microrganismo.
Discussão/conclusão: A gonorreia é uma DST de alta prevalência na população geral e o uso indiscriminado dos antibióticos e da versatilidade genômica da Neisseria gerou resistência às classes de primeira linha para o tratamento (sulfonamidas, tetraciclinas, penicilinas e quinolonas). Há estimativa de 78 milhões de novos casos em 2012, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, e em vários países há relatos de falhas no tratamento, devido à resistência de alto nível às quinolonas e à susceptibilidade diminuída à cefalosporina de terceira geração.