Data: 19/10/2018 ‐ Sala: TV 10 ‐ Horário: 10:44‐10:49 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: Erysipelothrix rhusiopathiae é um bacilo Gram-positivo, anaeróbio facultativo, imóvel e não-formador de esporos encontrado amplamente na natureza, tendo como hospedeiros diversos animais, principalmente porcos, peixes e aves. Nos seres humanos, ocorre como zoonose ocupacional, transmitida geralmente pelo contato direto com animais colonizados através de traumas cutâneos. As formas invasivas são bastante incomuns e ocorrem sobretudo em imunossuprimidos. No Brasil, há apenas um caso publicado.
Objetivo: Descrever caso de paciente imunossuprimido, sem risco ocupacional, com bacteremia e endocardite infecciosa por E. rhusiopathiae, diagnosticado por método automatizado (VITEK®2, bioMérieux) e confirmado por detecção molecular (PCR).
Metodologia: E.V.A., 63 anos, masculino, viúvo, comerciante, procedente de Nova Xavantina-MT. Em seguimento ambulatorial por CEC metacrônico (orofaringe e esôfago proximal) com radioterapia cervical há 1 ano e quimioterapia há 2 semanas (Paclitaxel e Carboplatina). Admitido na unidade de urgência com quadro de febre, náuseas e vômitos há 2 dias. Ao exame físico, regular estado geral e ausência de lesões cutâneas; FC 94 bpm, FR 18 ipm, PA 100 x 80 mmHg e SpO2 96%. Sem sinais de sepse. Exames: Leucócitos 1500/mm3, Neutrófilos 990/mm3, Linfócitos 240/mm3, Hemoglobina 12,7 g/dL, Plaquetas 155.000/mm3, Ur 70 mg/dL, ALT 71 U/L e Lactato arterial 0,90 mmol/L. Iniciado Cefepima 2 g 8/8 h por hipótese de neutropenia febril, com recuperação de neutrófilos após 48 h. Identificado E. rhusiopathiae em duas amostras de hemocultura por método automatizado (VITEK®2, bioMérieux), confirmado posteriormente por PCR. Antibiograma (Etest e microdiluição) com sensibilidade à penicilina, ceftriaxona, levofloxacino e clindamicina. Realizado Ecocardiograma no 5° dia de internação, com achado de imagem ecodensa em aparelho valvar aórtico (0,9x1,4 cm), compatível com vegetação. Recebeu tratamento com Ceftriaxona 4g/dia e Ampicilina 12g/dia por 6 semanas, evoluindo de forma satisfatória, com hemoculturas seriadas e ecocardiograma de controle sem achados de persistência da infecção.
Discussão/conclusão: Bacteremias por E. rhusiopathiae podem ser associadas com endocardite em até 90% dos casos. As infecções invasivas são eventos raros, com cerca de 100 casos relatados na literatura. Descrevemos um caso de bacteremia por E. rhusiopathiae associada à endocardite infecciosa de valva aórtica em paciente oncológico, situação singular na literatura, que teve excelente evolução clínica com tratamento antimicrobiano.