XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA pandemia da covid-19 causada pela nova síndrome respiratória aguda grave pelo SARS-CoV-2, levou a uma enorme pressão sobre os sistemas de saúde em todo o mundo com um aumento nas internações por pneumonia. A doença crítica (ou seja, insuficiência respiratória, choque séptico e/ou disfunção múltipla de órgãos) foi relatada em aproximadamente 5% dos pacientes sintomáticos. Esses pacientes atendem aos critérios de sepse. Além disso, a coinfecção bacteriana ou infecção secundária pode agravar a condição e perpetuar a disfunção dos órgãos.
ObjetivosAvaliar o impacto da pandemia de covid-19 na mortalidade dos pacientes inseridos no protocolo de sepse, apresentar o perfil nosológico dos casos inseridos no protocolo de sepse no período do estudo.
MetodologiaFoi realizado um estudo descritivo do tipo transversal, retrospectivo com base nos protocolos de sepse abertos de janeiro de 2019 a dezembro de 2022. Foram analisados 433 protocolos e avaliado a taxa de mortalidade geral dos pacientes inseridos no protocolo. Foi avaliada também a taxa de mortalidade dos pacientes com sepse de etiologia comunitária e hospitalar.
ResultadosForam analisados 161 protocolos abertos em 2019, 113 em 2020 e 79 em 2021 e 80 em 2022 com diagnóstico de sepse e choque séptico. Foram excluídos da análise os pacientes com diagnóstico de infecção sem disfunção que entraram na rota sepse. Em 2020, 24 pacientes com diagnóstico de covid-19 foram inseridos no protocolo e 19 pacientes no ano de 2021 e 5 em 2022. A mortalidade geral do protocolo de sepse em 2019 foi de 10,2%, 34,5% em 2020, 41,8% em 2021 e 27,5% em 2022. No período do estudo as infecções mais prevalentes que desencadearam sepse e choque sépticos foram pneumonia, covid-19 e infecção do trato urinário.
ConclusãoDe acordo com a série analisada do Protocolo de Sepse do ano de 2019 (pré-pandemia de covid-19) e 2020, 2021 e 2022, período em que a pandemia se estabeleceu e se arrefeceu, observa-se um aumento progressivo na taxa de mortalidade por sepse. O aumento na taxa de mortalidade explica-se pela gravidade do quadro clínico apresentado por estes pacientes, necessitando longos períodos de internação em unidades de terapia intensiva, uso de procedimentos invasivos, como ventilação mecânica, uso de cateteres venosos centrais, terapia de substituição renal, além da aquisição de infecções relacionadas a assistência em saúde por microrganismos multirresistentes.