XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA hesitação à vacina contra influenza é um grande desafio e um dilema ético em todo o mundo, com importantes consequências para os profissionais de saúde, seus pacientes e para a saúde pública.
ObjetivosCompreender a prevalência de hesitação à vacina contra influenza e sua motivação entre profissionais de saúde, realizar levantamento de dados sobre o tema no Brasil e no HCRP, de 2015 a 2021, com proposição de ações para aumentar a cobertura vacinal em nosso serviço.
Material e métodosTrata-se de um estudo descritivo transversal, de cunho clínico-qualitativo e exploratório, fundamentado, sobretudo, na análise de dados secundários de programas de vacinação e em entrevistas a profissionais de saúde.
ResultadosA hesitação vacinal é um fenômeno complexo, agravado recentemente pela covid-19. Relaciona-se principalmente com questões de confiança, complacência e conveniência, conforme modelo proposto pela OMS em 2011, mas também por outros motivos, como crenças religiosas e razões médicas. No Brasil, as campanhas de vacinação contra influenza vêm mantendo bom desempenho ao longo dos anos, sendo que de 2015 a 2018 a cobertura vacinal entre os profissionais de saúde brasileiros foi superior a 90% em todo período, exceto em 2017, quando resultou em 88%. Comparativamente com 2019, cuja taxa de cobertura para profissionais de saúde foi de 91%, em 2020 houve aumento para 117%, concomitantemente com o advento da pandemia de covid-19 e, após, queda expressiva em 2021, para 68%, associado à campanha de vacinação sincrônica contra a covid-19. No HCRP, de 2015 a 2021 nota-se taxa de cobertura inferior ao que ocorreu no país durante todo o período, exceto no ano de 2021, quando a cobertura no serviço foi de 90%. Observou-se que os profissionais de saúde do HCRP parecem entender o tema de hesitação vacinal, sobretudo no contexto atual de pandemia, mantendo boa cobertura para influenza.
ConclusãoA hesitação à vacina contra influenza no Brasil é menor que a observada em outros países, especialmente entre os profissionais de saúde. As razões para hesitação são comuns e estão presentes em todo o mundo. A influência política no âmbito vacinal não deve ser ignorada, sobretudo no cenário da pandemia de covid-19. Ouvir as sugestões dos profissionais, individualizadas em cada serviço, além de integrar os dados de vacinação e combater desinformações, pode melhorar os dados de cobertura vacinal para influenza.