Data: 19/10/2018 ‐ Sala: TV 2 ‐ Horário: 14:05‐14:10 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: O vírus da hepatite D é uma causa rara de insuficiência hepática aguda. No entanto, a infecção pelo HDV, seja na forma de uma coinfecção ou de uma superinfecção, é uma causa significativa de hepatite viral fulminante. Alguns estudos mostram que essa é a principal causa de hepatite aguda grave na região amazônica.
Objetivo: Descrever caso de hepatite Delta aguda grave em paciente internado em UTI do Centro de Medicina Tropical de Rondônia de novembro a dezembro de 2018.
Metodologia: Relato de caso: Homem de 36 anos, natural de Rondônia, previamente hígido, negava consumo de álcool ou drogas endovenosas. Com história de três semanas de astenia, dor abdominal, náuseas e vômitos que evoluíram com febre, colúria e acolia fecal. Progrediu nos últimos três dias com icterícia. Na admissão, HBsAg positivo, anti‐HCV negativo, anti‐HIV negativo, bilirrubina total 11,6mg/dL, plaquetas 98.000, ALT 1.163 U/L, AST 1.121 U/L. Ultrassonografia abdominal mostrou espessamento da parede da vesícula biliar e parênquima hepático normal. Após sete dias de internação, evoluiu com pioria clínica, sonolência, encefalopatia hepática grau III associada a ascite grave (drenagem de ∼ 8 litros 3x/semana), bradicardia, grau C de Child‐Pugh (13 pontos), escore MELD 31 e refere‐se à unidade de terapia intensiva para suporte da insuficiência hepática. Resultados liberados na ocasião: HBsAg positivo, anti‐HBc IgM positivo e anti‐HDV IgG negativo (DiaSorin), RNA HDV positivo (ensaio qualitativo in‐house RT‐PCR, CEPEM). Paciente seria avaliado pela equipe de transplante hepático de São Paulo, entretanto, por ser uma região distante e devido às condições hemodinâmicas do paciente, a remoção não foi possível. Optou‐se por iniciar entecavir para hepatite aguda grave por coinfecção HBV/HDV. O paciente evoluiu com melhoria clínica e laboratorial, recebeu alta da UTI após 18 dias. Em seguimento ambulatorial, em uso de entecavir, após três meses manteve função hepática normal, sem ascite e assintomático, sorologias com RNA HDV negativo, soroconversão HBsAg negativo com anti‐HBs indeterminado. Parentes de primeiro grau investigados, todos HBsAg e antiHBc negativos.
Resultado: Não se aplica.
Discussão/conclusão: Até o momento, não há terapêutica descrita para hepatite Delta aguda. Nosso caso mostrou melhoria clínica e laboratorial progressiva após introdução do entecavir. Mais estudos devem ser feitos para melhor caracterizar o papel do entecavir na hepatite aguda grave pelo HDV.