12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A infecção pelo HIV‐1 parece não alterar a incidência ou espectro clínico da Hanseníase, ao que parece sendo inclusive mantida a capacidade de formação de granulomas, paradoxalmente característica da alta resposta imunocelular. O presente trabalho relata 2 casos que mostram apresentação clínica atípica em pacientes com HIV‐1.
Objetivo: Apresentar uma série de 2 casos de hanseníase com apresentação atípica e disseminada em pacientes coinfectados pelo HIV‐1.
Metodologia: Caso 1: Mulher, 54 anos, HIV há 10 anos e há 1 ano possui lesões eritematovioláceas que evoluiam com hipocromia, bordas imprecisas e prurido. Negava outros sintomas. Em uso de TARV modificada. Ao exame físico possuia lesões violáceas em mucosa oral, placas eritematovioláceas disseminadas, com leve descamação e que desapareciam à digitopressão. Sem outras alterações. Biópsia de pele prévia demonstrando fragmento com acantose e hiperqueratose. Bacterioscopia de linfa negativa. Carga viral indetectável e CD4 176. Foram solicitados exames laboratoriais e biópsia de 3 lesões, as quais foram compatíveis com hanseníase borderline tuberculoide. Devido à dissociação clínica‐anatomopatológica, foi solicitada revisão da lâmina e nova biópsia para exame micológico direto, cultura de fungos e BAAR, sendo que todos resultaram negativos, mas a revisão da lâmina sugeriu infecção disseminada por M. hansen, confirmado em PCR.
Caso 2: Homem, 47 anos, queixa de “manchas e caroços no corpo“. As lesões iniciaram há 3 meses nos antebraços, tronco e dorso. Eram não eritematosas e não pruriginosas e apresentavam ardência e dor em queimação. Ao exame físico, múltiplos hansenomas difusos pelo corpo. Na avaliação dos exames apresentou HIV‐1 positivo.
Discussão/Conclusão: Assim como em outras micobacterioses, esperava‐se uma relação entre a evolução do HIV e da hanseníase, hipótese que não se confirmou nos estudos. Apesar disso, já foi demonstrado em pacientes HIV positivos com hanseníase uma baixa resposta imunológica sistêmica e pouca resposta a antígenos do M. leprae quando comparados com pacientes não HIV, além disso, a Síndrome Inflamatória de Reconstituição Imunológica, na qual o aumento da contagem de linfócitos T CD4 leva a apresentação de reações reversas é um fato nesses pacientes. Assim, indaga‐se quão realmente é desvinculado a relação entre as duas patologias, pois diante do exposto e da complexidade de ambas doenças, não se pode descartar a depleção de linfócitos T CD4 como a causa da manifestação atípica e disseminada acima relatada.