A pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM) é uma das infecções nosocomiais mais comuns em unidades de cuidados intensivos. O desenvolvimento dessas infecções apresenta morbidade significativa, prolongando o tempo de ventilação mecânica, a permanência na UTI e aumentando os custos associados. No ano de 2020 a demanda por respiradores artificiais se tornou mais intensa, devido a pandemia da COVID-19. Este trabalho tem como objetivo analisar os casos de PAVM de hospital público, em Mauá, no ano de 2020, determinar quais os principais agentes etiológicos associados e, caracterizar o perfil de susceptibilidade aos antibióticos.
MétodosPara este estudo, foram utilizados registros médicos de pacientes com diagnóstico de PAVM, internados durante o ano de 2020, no Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini, Mauá, SP. Dados sobre a etiologia da infecção e o perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos foram analisados e comparados com outros estudos.
ResultadosEm 2020, 62 casos de pneumonia associada à ventilação mecânica foram reportados no Hospital Nardini. A pandemia de COVID-19, iniciada no mesmo ano, aumentou a necessidade de uso de respiradores artificiais, pelos pacientes com sintomas de COVID-19 grave. A utilização de ventilação mecânica por período prolongado, aumenta o risco do paciente adquirir infecções bacterianas de origem hospitalar. Ao compararmos os casos de PAVM de 2020, com os referentes ao ano de 2018, podemos observar um aumento de mais de 300%. Em 59% dos isolados associados aos casos de PAVM foi possível estabelecer o agente etiológico responsável pela infecção, sendo os mais prevalentes: Acinetobacter baumanni, Pseudomonas aeruginosa e Klebisiella pneumoniae. As cepas de A. baumanni isoladas apresentaram resistência à Amicacina (94%), ao Meropenem (88%) e ao Cefepime (82%). Cepas de P. aeruginosa também apresentaram resistência aos mesmos antibióticos (Amicacina - 70%; Meropenem - 50%; Cefepime - 30%). O antibiótico com melhor eficiência no controle das infecções foi a Polimixina. Conclusão: O risco de PAVM aumenta consideravelmente durante o uso prolongado de respiradores artificiais. Pudemos evidenciar um aumento significativo dos casos de PAVM no ano de 2020, em relação ao ano anterior. A principal espécie bacteriana responsável pelos casos analisados foi a A. baumanni, sendo que as cepas isoladas apresentaram grande resistência à Amicacina, Meropenem e Cefepime, e sensibilidade à Polimixina.