12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoAg. Financiadora: FAPESP
Nr. Processo: 2016/19690‐5
Introdução: A OMS estima que cerca de 40% dos adultos estão acima do peso e 13% são obesos. O acúmulo excessivo de triglicerídeos nos hepatócitos (esteatose) entre esses indivíduos pode levar a uma alta lipotoxicidade hepática contribuindo para várias comorbidades, entre elas a doença hepática gordurosa não alcoólica e esteato‐hepatite. Além disso, a presença da esteatose no fígado influencia na progressão da hepatite C crônica. Vários mecanismos podem estar envolvidos em alterações nos níveis de lipídeos plasmáticos e com esteatose associada ao HCV. O gene MTTP (proteína de transferência de triglicerídeo microssomal) está relacionado com a montagem e secreção de lipoproteínas, que pode ter sua função prejudicada pela presença de variantes genéticas.
Objetivo: Identificar variantes genéticas no gene MTTP em portadores crônicos do HCV atendidos no HCFMUSP e correlacionar com os níveis de lipídeos plasmáticos e os graus de esteatose hepática.
Metodologia: Foram analisados dados demográficos, clínicos, laboratoriais e histológicos de 236 portadores crônicos do HCV. A genotipagem de sete variantes genéticas no gene MTTP foi realizada utilizando a técnica de PCR‐RFLP.
Resultados: A idade média foi de 55,5 anos, 56,4% eram mulheres e o IMC médio foi de 26,6, considerado sobrepeso. Os níveis de colesterol total foram considerados alterados em 23,7% dos pacientes (≥ 200mg/dL), LDL em 16,1% (≥130mg/dL), VLDL em 6,8% (≥ 40mg/dL), HDL em 68,2% (≤ 60mg/dL) e triglicerídeos em 6,4% (≥ 200mg/dL). O estudo do fragmento hepático mostrou que 53% dos pacientes tinham algum grau de esteatose. As variantes genéticas estão em equilíbrio de Hardy‐Weinberg e estão descritas juntamente com as frequências dos alelos mutados: ‐164T/C (0,30), ‐400A/T (0,41), ‐493G/T (0,32), I128T (0,29), Q95H (0,08), Q244E (0,05) e H297Q (0,50). As variantes genéticas avaliadas não foram associadas, em três modelos genéticos, com alterações dos níveis de lipídeos (p>0,05). As variantes também não apresentaram associação significativa com a presença de esteatose ou com os seus diferentes graus (p>0,05).
Discussão/Conclusão: Os dados encontrados sugerem que isoladamente as variantes no gene MTTP não influenciaram os níveis de lipídeos plasmáticos e a susceptibilidade à esteatose nos portadores crônicos do HCV. Estudos futuros combinando o efeito dessas variantes genéticas e de fatores virais são importantes para entender melhor suas contribuições para a esteatose hepática.