12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A febre maculosa brasileira (FMB) é uma doença causada pela bactéria Rickettsia rickettsii e transmitida por carrapatos do gênero Amblyomma spp. A região de Campinas concentra porcentagem significativa dos casos suspeitos (CS) notificados e confirmados em SP e no Brasil e tem, portanto, uma vigilância sensível ao agravo e experiência para investigação epidemiológica. Por se tratar de uma doença de baixa incidência e clinicamente semelhante, sobretudo em sua fase inicial, a outros agravos mais prevalentes, muitos casos são descartados para FMB e confirmados para outros agravos. No entanto, um número significativo de casos tem o diagnóstico de FMB descartado sem que uma causa definitiva–incluindo‐se outras doenças transmitidas por carrapatos (DTC) ‐ tenha sido identificada.
Objetivo: Analisar os aspectos clínicos, epidemiológicos e demográficos dos CS notificados, mas descartados para FMB, bem como a adequação aos critérios de definição para CS, principais síndromes clínicas, qualidade da investigação e diagnósticos definitivos.
Metodologia: Trata‐se de estudo epidemiológico descritivo onde foram analisadas as notificações ao SINAN no município de Campinas no período de 2007 a 2017.
Resultados: Foram 2787 notificações, com média anual de confirmações para FMB de 3%. Dengue, leptospirose e doença meningocócica foram os principais agravos notificados concomitantemente e os principais diagnósticos diferenciais entre os casos descartados para FMB. 46% das notificações apresentavam adequação aos critérios de definição de CS. As síndromes clínicas com manifestações hemorrágicas foram significativamente mais frequentes entre os casos confirmados. 54% dos casos descartados para FMB e sem diagnóstico para outros agravos não tiveram investigação laboratorial adequada e 28% dos descartados e expostos a carrapato e que foram investigados adequadamente, não tiveram confirmação de qualquer diagnóstico.
Discussão/Conclusão: Há um número significativo de notificados para FMB que não são submetidos a investigação laboratorial, mesmo entre expostos a carrapato, o que possivelmente gera uma subestimação da incidência da doença. Há também indivíduos com critérios para definição de CS, expostos a carrapato e investigados adequadamente que permanecem sem diagnóstico. É possível que haja circulação de outras espécies de riquétsias não detectáveis pelos recursos e critérios diagnósticos atuais, bem como é possível que haja circulação de outros patógenos transmitidos por carrapatos com epidemiologia desconhecida na região de estudo.