12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoAg. Financiadora: FAPESP
Nr. Processo: 2018/05616‐3
Introdução: O meropenem é prescrito na terapia das infecções graves causadas por Enterobacteriaceae (EB) e Non‐Enterobacteriaceae (NEB). A farmacocinética está alterada no paciente crítico em terapia intensiva durante o curso clínico do choque séptico.
Objetivo: O racional do estudo foi investigar se o alvo terapêutico é atingido na dose recomendada de Meropenem durante a terapia do choque séptico em grandes queimados adolescentes versus jovens adultos.
Metodologia: Incluíram‐se pacientes queimados (11M/3F) após o acidente por eletricidade/fogo (3/11). Os pacientes com função renal preservada foram distribuídos em grupos, G1: Adolescentes, e G2: Adultos jovens. Na admissão, as características dos pacientes de G1/G2 foram: 16/24 anos, 65/70kg, 44/35% superfície total corporal queimada, SAPS3 58/42, risco de morte 32/6%, medianas. A lesão inalatória ocorreu em 9/14, ventilação mecânica (12/14) e vasopressores foram exigidos em 11/14 pacientes. As culturas foram coletadas antes do início da terapia do choque séptico com meropenem 1g q8h, infusão estendida de 3 horas. Apenas duas coletas de sangue no platô foram realizadas (1,5mL/cada), e a dosagem sérica do analito foi realizada por cromatografia líquida. Os parâmetros farmacocinéticos obtidos dos pacientes nos dois grupos foram comparados aos dados reportados em voluntários sadios. Na abordagem PK/PD, o novo alvo 100%fT>CIM foi considerado para garantir a efetividade do meropenem.
Resultados: Ocorreram alterações da farmacocinética, fase precoce do choque séptico, pela comparação dos pacientes G1/G2 com os dados reportados em voluntários sadios. Evidenciou‐se diferença significativa entre grupos (G1/G2) relacionadas ao volume de distribuição (23/42 L, p=0,0310), e à meia vida biológica (2,7/3,5h, p=0,0035).
Discussão/Conclusão: Os isolados das culturas de sangue, urina e lavado bronco‐alveolar registraram E. cloacae; Proteus mirabilis, K. pneumoniae (EB) e P. aeruginosa (NEB). A cura clínica e microbiológica ocorreu após a infusão estendida da dose 1g q8h para todos os pacientes, considerando‐se ainda os isolados de K. pneumoniae e P. aeruginosa, sensibilidade intermediária, CIM 4‐8mg/L. As alterações significativas que ocorreram entre grupos na farmacocinética do meropenem não impactaram a cobertura do antimicrobiano no alvo terapêutico 100%fT>CIM considerado. O desfecho clínico foi atingido para todos os pacientes (G1/G2). Portanto, a aplicação da abordagem PK/PD baseada na dosagem sérica permite o monitoramento clínico em tempo real de pacientes sépticos em terapia intensiva.