A infecção fúngica invasiva (IFI) continua sendo uma causa importante de hospitalização e mortalidade entre pacientes com leucemia. No entanto, há dados limitados de estudos de IFI em pacientes com neoplasias hematológicas na América Latina, portanto, este estudo foi desenhado com o objetivo de investigar a prevalência, epidemiologia, fatores preditivos e desfechos de IFI em pacientes com leucemia hospitalizados em quartos sem Filtro HEPA (configurações com recursos limitados) em um centro de referência na Colômbia.
MétodosOs dados clínicos de pacientes hospitalizados com leucemia foram recuperados retrospectivamente durante um período de 6 anos no centro de referência de hematologia da Colômbia em Bucaramanga, Santander. Prevalência, fatores preditores de IFI e resultados dos pacientes foram avaliados.
ResultadosEm 92 pacientes, a prevalência de IFI comprovada/provável foi de 27,17% (25 casos). 10 foram causados por espécies de Candida (40%), seguidos por oito por Aspergillus spp. (32%), dois por Mucor spp. (8%), dois por Penicillium spp. (8%), um por Zygomycetes spp., Fusarium spp. e Trichosporon asahii (4% respectivamente). O pulmão foi o local mais comumente afetado (n = 20; 80%); três pacientes (12%) desenvolveram sinusite fúngica e 2 pacientes (8%) IFI disseminado. Após análise multivariada, o sinal do halo na TC e neutropenia com duração superior a 20 dias foram identificados como fatores associados a maior risco de IFI e a profilaxia com voriconazol ou posaconazol foi associada a uma menor ocorrência de IFI. Foi observada maior taxa de mortalidade hospitalar entre os pacientes que desenvolveram IFI comprovada/provável em comparação com pacientes não IFI (88,0% vs. 56,7%; p = 0,006).
Conclusãoos pacientes com leucemia em locais com recursos limitados têm uma alta prevalência de IFI provável/comprovada (27%) com alta mortalidade (88%). O uso de profilaxia antifúngica com voriconazol e posaconazol foi associado a uma prevalência significativamente menor de IFI. Estratégias de diagnóstico e prevenção de infecções devem ser adotadas e implementadas para prevenir IFIs, especialmente em países da América Latina para melhorar os resultados clínicos de pacientes com leucemia.