12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: Fungos do gênero Candida são causa importante de infecções da corrente sanguínea e é a principal causa de infecção fúngica em pacientes hospitalizados.
Objetivo: Avaliar a epidemiologia, as características terapêuticas e a evolução de pacientes com candidemia internados em um hospital público brasileiro.
Metodologia: Os prontuários clínicos de 59 dos 84 pacientes com candidemia diagnosticados no período de 2011 a 2018 foram submetidos a uma avaliação criteriosa. Dados sobre epidemiologia, fatores predisponentes, tratamento e desfecho foram avaliados.
Resultados: Em relação aos 84 pacientes, a incidência (número/1.000 internações) de candidemia foi de 0,68, sendo maior nas mulheres (0,76) do que nos homens (0,54; p<0,0001). As maiores incidências (número/1.000 internações) quanto à unidade hospitalar foram observadas na Clínica Médica (15,38), Oncologia (25,32) e Unidades de Terapia Intensiva (UTI), analisadas em conjunto (10,31), não diferiram entre si. C. albicans foi a espécie predominante, mas, entre as espécies de não‐Candida albicans, C. glabrata predominou. A distribuição das espécies de Candida não apresentou diferença em relação à unidade de internação (p=0,39). Os estudos dos 59 casos mostraram que os pacientes com eventos agudos ‐ pneumonia, insuficiência renal aguda e choque séptico, avaliados em conjunto, apresentaram maior incidência de C. albicans do que as outras espécies (p=0,004). Quarenta e quatro (74,6%) dos 59 pacientes receberam compostos antifúngicos ‐ fluconazol (26 pacientes), micafungina (16 casos) e anfotericina B (5 pacientes); um paciente foi tratado com dois medicamentos. O tratamento foi considerado adequado para 35 (59%) pacientes e inadequado para 22 (37%); esta informação não estava disponível para 2 (3%) pacientes. A mortalidade foi muito elevada (66,1%), embora o tratamento tenha sido considerado adequado em 61,4% dos casos. Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, UTI Adulto e Unidade Coronariana apresentaram os maiores índices de candidemia (p<0,001). As taxas de cura com fluconazol (45,5%) e micafungina (42,9%) não foram diferentes (p=0,80). Além disso, C. albicans, C. tropicalis e C. glabrata foram as espécies mais prevalentes em pacientes que evoluíram para óbito (p=0,016).
Discussão/Conclusão: A incidência, taxa de mortalidade e número de pacientes não tratados com candidemia foram altos. O diagnóstico precoce e o conhecimento do local mais com maior prevalência de Candida spp e a suscetibilidade pode levar a um melhor manejo dos pacientes.