A Sífilis Congênita (SC) é uma infecção bacteriana, causada pelo bacilo Treponema pallidum, na qual a transmissão ocorre através da via transplacentária. Apesar dos avanços nos métodos diagnósticos, essa infecção continua sendo um grave problema de saúde pública relacionado às condições sociais da população, como ocorre no município do Recife. Nesse contexto, a análise dos dados fornecidos pelo DATASUS, pode proporcionar uma compreensão da situação epidemiológica no Recife, envolvendo aspectos socioeconômicos.

Analisar o perfil sociodemográfico dos casos de Sífilis Congênita no Recife - PE no ano de 2023.

Trata-se de um estudo epidemiológico, de caráter analítico, observacional, ecológico, a partir da coleta de dados secundários presentes nas fichas de notificação do DATASUS. Nesse sentido, a coleta de dados correspondeu aos casos de sífilis congênita diagnosticada em 2023. Sendo assim, variáveis foram avaliadas: a faixa etária da criança; a raça; o sexo; a faixa etária da mãe; a escolaridade da mãe; se realizou pré-natal; se o parceiro foi tratado e como ocorreu a evolução da criança.

Verificou-se que foram confirmados 660 casos de SC, o que demonstra uma queda com relação ao ano de 2022 (1943). Desse total, 96,06% correspondia a crianças com até 6 dias, na sua maioria de cor parda (78,33%), que estavam vivas até a data da coleta dos dados (85,9%). Além disso, a maior parte das mães (33,48%) possuíam entre 20 e 24 anos, e não concluíram o ensino fundamental (25,30%), todavia, a grande maioria (79,69%) havia realizado o pré-natal. Os dados demonstram que a maior parte das gestações relacionadas aos casos de SC em Recife ocorrem em mulheres jovens com baixa escolaridade. Esse fato liga-se à relação entre o baixo nível de instrução e falta de informações durante as relações sexuais, o que reverbera impactos na vida da gestante e do feto.

Portanto, nota-se a diminuição exponencial dos casos de Sífilis Congênita, no Recife, no período de 2022 até o ano de 2023. Desse modo, é importante destacar a influência do nível de escolaridade e acesso à educação sexual por parte das gestantes infectantes pela patologia. Sendo assim, é importante destacar o papel da Atenção Primária, através da educação em saúde, e o engajamento na atenção pré-natal em prol da continuidade da diminuição dos casos de Sífilis Congênita nos próximos anos.