14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoHá 40 anos foi identificado o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), potencial causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Desde então, novos casos são notificados anualmente, mostrando que apenas aumentar o conhecimento sobre a sua transmissão e o uso de preservativos não garantem mudanças de comportamento. Isso porque, no Brasil, essa epidemia acompanha alterações nas condições sociais das pessoas vivendo com HIV, determinando diferentes vulnerabilidades, associadas às iniquidades de gênero, comunitárias e geracionais. Assim, são considerados indivíduos em situação de risco aqueles cuja associação de componentes individuais e de construção sócio-cultural levam a maior vulnerabilidade. Destacam-se os adultos jovens, cujas normas de interação sexual ainda determinam situações de risco, perpetuando epidemia.
ObjetivoO objetivo deste estudo é descrever a variação temporal das notificações de AIDS nos últimos 10 anos, no Brasil.
MétodoTrata-se de um estudo epidemiológico descritivo, baseado em dados do Sistema de Informação e de Agravos de Notificação, cujas variáveis são idade, sexo e distribuição geográfica entre os estados, de 2013 a 2022.
ResultadosForam notificados 220.393 casos no período, com pico em 2014, de 26.850 (13,24 casos/100 mil hab) e menor índice em 2022, de 9000 (4,33/100 mil hab), decorrente de uma provável subnotificação, pela pandemia de COVID-19. Houve distribuição relativamente homogênea pelo país, destacando-se São Paulo, (49.087 casos), Rio Grande do Norte (22.597), Rio de Janeiro (16.310), Minas Gerais (14.115) e Santa Catarina (13.595), sendo 3 deles do Sudeste, região de maior notificação (83.171 casos), com incidência média de 9.56. Já a região Sul, embora não detenha a maior quantidade de casos, apresenta a maior incidência (21,74 casos/100 mil hab) em 2014, superando a média nacional neste ano. Já a região Centro-Oeste apresenta a menor notificação, de 16.316 nesses 10 anos, com apenas 633 novos casos em 2022 (3,83 casos/100 mil hab). A faixa etária afetada é de adultos jovens, de 20 a 34 anos, com 90.133 casos, seguida da faixa de 35 a 49 anos, com 81.976. Perpetua-se uma maior notificação entre o sexo masculino com 155.240 casos nesse período.
ConclusãoPortanto, tais dados mostram a presença significativa de casos de AIDS no Brasil, especialmente entre jovens, mesmo com o avanço de métodos diagnósticos e terapêuticos. Demandando programas de prevenção eficazes, que considerem tanto a vulnerabilidade individual quanto a social frente ao HIV.