14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA epidemia da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) continua sendo um desafio global para os sistemas de saúde. Nesse contexto, a análise das tendências temporais dos indicadores epidemiológicos de HIV/AIDS é fundamental para a formulação de políticas de saúde, alocação de recursos e implementação de estratégias de prevenção.
ObjetivoAnalisar as tendências temporais da incidência de AIDS, taxa de óbito por AIDS, adesão insuficiente à terapia antirretroviral (TARV) e perda de seguimento nas cidades mais populosas de Mato Grosso do Sul.
MétodoTrata-se de um estudo epidemiológico descritivo de séries temporais com dados secundários do Painel de Indicadores Epidemiológicos Clínicos do HIV e do Painel de Indicadores e Dados Básicos de HIV/AIDS do Ministério da Saúde. Os dados foram coletados de oito municípios com mais de 50 mil habitantes em Mato Grosso do Sul: Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, Corumbá, Ponta Porã, Sidrolândia, Naviraí e Nova Andradina, durante o período de 2010 a 2021. A análise estatística foi realizada com o software JoinPoint Regression Program, calculando a variação percentual anual (APC) com intervalo de confiança de 95% (IC 95%), em que um APC positivo indica tendência crescente, enquanto um valor negativo indica tendência decrescente.
ResultadosHá variações significativas na perda de seguimento dos pacientes em TARV. Em Corumbá, observou-se uma tendência decrescente de perda de seguimento entre 2013 e 2019, com uma redução de -23,6% (IC95%: -37,0 – -7,3; p = 0,018). Dourados e Ponta Porã também apresentaram reduções, de -5,5% (IC95%: -8,4 – -2,8; p = 0,002) e -6,9% (IC95%: -12,1 – -1,4; p = 0,02), respectivamente. Em Campo Grande, houve uma variação decrescente na adesão insuficiente à TARV de -12,9% (IC95%: -17,6 – 7,9; p = 0,001) no período de 2017 a 2021. No entanto, os indicadores de incidência de AIDS e taxa de óbito por AIDS permaneceram estáveis nos municípios analisados.
ConclusãoOs resultados indicam que Mato Grosso do Sul teve melhorias nos indicadores epidemiológicos relacionados ao HIV/AIDS, com destaque para a redução na taxa de perda de seguimento. Contudo, o número de óbitos e casos de AIDS manteve-se estável. Além disso, não descartamos que a diminuição dos indicadores seja por conta de subnotificações no período da pandemia do COVID-19. Esses achados ressaltam a importância de melhorar a qualidade do atendimento e alcançar as metas de tratamento e prevenção, especialmente em áreas mais vulneráveis às infecções sexualmente transmissíveis.