14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoApós a pandemia de COVID-19, a resistência bacteriana na saúde pública piorou, com um aumento preocupante de Enterobacterales resistentes aos carbapenêmicos. A criticidade desse cenário se deve à emergência da coprodução de diferentes carbapenemases, especialmente KPC e NDM. Essa emergência é agravada pela ineficácia dos novos antimicrobianos, resultando em infecções de difícil tratamento.
ObjetivoO objetivo deste estudo foi avaliar o perfil e os aspectos clínicos dos pacientes que apresentaram isolados de K. pneumoniae coprodutora de KPC e NDM em um hospital universitário de Santa Catarina.
MétodoTrata-se de um estudo observacional retrospectivo com coleta de dados registrados em prontuários nos anos de 2021 e 2022.
ResultadosO estudo envolveu 31 casos de portadores de K. pneumoniae coprodutora, dos quais 11 desenvolveram infecção e 20 eram apenas colonizados. A idade dos pacientes variou entre 23 e 83 anos, com uma mediana (Md) de 54 anos; 14 eram do sexo feminino e 17 do sexo masculino. Do total de casos, 28 receberam antibioticoterapia prévia, incluindo meropenem, piperacilina-tazobactam e/ou ceftriaxona; 25 foram submetidos a procedimentos no centro cirúrgico e/ou admitidos na UTI, enquanto apenas 6 não foram em nenhum desses locais. O tempo para a detecção da coprodução após a admissão hospitalar variou de 0 a 43 dias (Md = 11 dias); 13 pacientes apresentaram isolado bacteriano apenas em swab retal (cultura de vigilância) e 18 em cultura de amostra clínica (secreção traqueal, urina, líquido abdominal e/ou sangue); 11 pacientes receberam tratamento com ceftazidima-avibactam e aztreonam após a detecção do isolado, dos quais 7 foram a óbito (64%). A mortalidade geral foi de 42% (13/31), e o tempo decorrido desde a detecção da bactéria coprodutora até o óbito variou de 2 a 42 dias (Md = 10 dias). Todos os pacientes que evoluíram para óbito foram afetados por complicações hepáticas e/ou biliares, resultando em agravamento respiratório e/ou choque séptico.
ConclusãoCom base nos dados obtidos, foi possível traçar um perfil dos pacientes afetados. Esses resultados ressaltam a necessidade de um estudo mais abrangente para uma avaliação detalhada dos fatores de risco associados. Tal estudo permitirá o desenvolvimento de estratégias e protocolos institucionais para uma detecção precoce desse perfil de paciente, podendo promover um manejo terapêutico mais eficaz e uma detecção laboratorial mais ágil, resultando na redução da mortalidade, do tempo de internação e dos custos para o serviço de saúde.