14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA população carcerária feminina enfrenta desafios como acesso limitado à educação, saúde e renda, contribuindo para altas taxas de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) no ambiente prisional. A ausência de educação sexual adequada e os antecedentes das detentas, como histórico de alcoolismo, uso de drogas injetáveis, múltiplos parceiros sexuais e ocorrências prévias de ISTs, são fatores contribuintes. Nessa perspectiva, urge analisar o panorama epidemiológico do Brasil no que cerne a prevalência de ISTs no sistema prisional feminino, de forma a implementar estratégias preventivas eficazes.
ObjetivoAnalisar o cenário epidemiológico das infecções sexualmente transmissíveis em contextos prisionais femininos no Brasil.
MétodoTrata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada em abril de 2024, a partir das bases de dados eletrônicas Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Scielo e PubMed. Para a busca foram estabelecidos os seguintes descritores: "Infecções Sexualmente Transmissíveis", "Prisioneiros" e ‘’Mulheres’’. Os critérios de inclusão foram: artigos publicados na íntegra, período entre 2000 e 2024, e idiomas Português, Inglês e Espanhol. Ao final da análise foram selecionados 06 artigos para desenvolver o presente estudo.
ResultadosObserva-se uma significativa prevalência de infecções sexualmente transmissíveis entre mulheres encarceradas no cenário brasileiro. Um estudo recente conduzido por Benedett et al. (2020) abordou essa realidade, identificando uma prevalência de 20,2% de ISTs na amostra analisada, com sífilis, vírus da imunodeficiência humana (HIV) e hepatite B como as mais prevalentes. Destaca-se que detentas com idade acima de 30 anos apresentaram quase três vezes mais propensão a adquirir tais infecções. Ademais, fatores como baixa escolaridade, falta de conhecimento sobre ISTs, percepção de imunidade a essas infecções e inadequada utilização de preservativos, emergem como contribuintes para a vulnerabilidade dessas mulheres. O uso de cocaína injetável triplicou a probabilidade de testes positivos para ISTs, enquanto relatos de abuso sexual quadruplicaram esse risco.
ConclusãoNota-se a urgência de intervenções específicas voltadas para a população carcerária feminina no Brasil, a fim de reduzir a alta incidência de ISTs nesse contexto. Estratégias preventivas abrangentes, que englobem educação sexual e acesso a serviços de saúde, são essenciais, levando em conta os determinantes sociais e comportamentais dessas mulheres.