As infecções relacionadas à assistência à saúde são um problema de saúde pública global. Os microrganismos com maior incidência, frequentemente multirresistentes aos antimicrobianos nas unidades de terapia intensiva (UTI), são a Klebsiella pneumoniae e Acinetobacter baumannii resistentes aos carbapenens e/ou polimixinas. A disseminação destas bactérias pode ocorrer através de equipamentos hospitalares ou superfícies próximas ao paciente. Essa disseminação pode ser controlada com a limpeza e desinfecção destas superfícies, porém poucas instituições reforçam a prática na rotina. Sobrecarga de trabalho, distanciamento da gestão, falta de insumos e de conhecimento da técnica adequada e baixo cultivo da cultura de segurança (CS) institucional podem colaborar na má adesão à limpeza concorrente. Sabendo que uma atmosfera institucional desorganizada influencia diretamente na segurança do paciente, este estudo pretende conhecer e entender os pontos fracos e fortes da CS pela percepção da equipe (clima de segurança).

Caracterizar o clima de segurança da equipe de enfermagem de uma UTI e analisar sua correlação com a adesão à limpeza concorrente nos três diferentes turnos.

Coorte observacional realizada em uma UTI com 20 leitos. O clima de segurança foi avaliado através do Questionário de Atitudes de Segurança (SAQ). Limpeza ambiental avaliada em 10 pontos de alto toque com gel fluorescente antes e após o plantão.

Amostra: 52 profissionais de enfermagem (34 técnicos de enfermagem e 18 enfermeiros). O clima de segurança mostrou-se prejudicado com uma pontuação global de 52,7 pontos. Apenas um domínio apresentou uma média adequada (> 75): percepção do estresse (80). Os domínios com médias mais altas foram “percepção do estresse” (80) e “satisfação no trabalho” (69). As médias mais baixas foram “condições de trabalho” (34) e “percepção da gerência da unidade e do hospital” (38) (pior em gerência do hospital: 33). De 68 leitos avaliados, apenas um apresentou conformidade na limpeza ambiental.

O distanciamento da gerência associado às condições de trabalho podem estar associadas a uma piora no clima de segurança da equipe. Parece haver forte associação na baixa adesão à limpeza ambiental com uma equipe com CS fragilizada, porém mais estudos são necessários para avaliar se essa associação se mantém constante em um tempo maior de observação. É necessária a promoção e implementação de melhorias tanto de forma estrutural quanto organizacional com maior envolvimento dos gestores.