14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) é considerada uma microangiopatia trombótica grave, de difícil diagnóstico e de tratamento com resposta variável, de patogênese não bem definida quando em associação à infecção pelo HIV e com menor ocorrência após a introdução dos antirretrovirais.
ObjetivoRevisar a associação entre PTT e HIV, além de discutir manejo terapêutico da PTT.
MétodoRelatado caso acompanhado na enfermaria de Infectologia e revisada literatura através de plataformas de pesquisa científica.
ResultadosUma mulher de 32 anos procurou atendimento por cefaleia, febre e vômitos de evolução há 3 dias. No histórico médico pregresso, a paciente apresentava diagnóstico de HIV/AIDS há 12 anos, no momento em uso irregular de TARV. Havia tratado Linfoma de Hodgkin há 7 anos. Ao exame físico estava hipertensa, com taquicardia sinusal, febril e normoglicêmica. O exame físico neurológico, grosseiramente, não apresentava alterações de força ou sensibilidade, porém a paciente não verbalizava e não atendia aos comandos.
A paciente foi submetida nesse momento a tomografia de crânio, a qual não evidenciou infarto, hemorragia ou lesão expansiva. A análise do LCR não era sugestiva de processo infeccioso em atividade. Testes laboratoriais adicionais foram realizados. A análise do sangue periférico evidenciou esquizócitos (2+), reticulocitose e plaquetopenia. Achados neurológicos, trombocitopenia e anemia sugerem microangiopatia trombótica, como ocorre na púrpura trombocitopênica trombótica. Como o PLASMIC score foi de 7 pontos, foi coletado material para dosagem ADAMTS13, o qual ainda não obtivemos resultado. Foi iniciada terapia com corticoterapia, rituximabe e plasmaférese e a paciente apresentou melhora progressiva de parâmetros de hemólise, anemia e plaquetopenia, recebendo alta com resolução do quadro clínico.
ConclusãoA PTT ocorre por redução menor que 10% da atividade da protease ADAMTS13, favorecendo o acúmulo dos multímeros do fator de Von Willebrand na superfície endotelial com consequente trombocitopenia. A relação entre HIV/AIDS e PTT tem sido relatado em estudos observacionais. A infecção pelo HIV gera impacto direto nas células endoteliais, levando a disfunção e lesão microvascular. Por esse motivo, faz-se necessário o diagnóstico e tratamento precoce visando redução da mortalidade.