14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA coinfecção PVHIV-LV pode apresentar implicações clínicas importantes e quadros de LV recidivante são um desafio terapêutico.
ObjetivoTrata-se de um relato de caso de PVHIV com imunossupressão grave, apresentando quadro de LV recidivante, submetida a terapia inédita em serviço de referência em Minas Gerais.
MétodoRelato de caso e revisão da literatura.
ResultadosL.P.S., 68 anos, PVHIV desde 2017, em uso regular de terapia antirretroviral, CD4 de 44 e carga viral indetectável. O quadro inicial de LV se deu por febre, astenia e pancitopenia grave em Janeiro/18. Realizado aspirado de medula óssea (AMO), com pesquisa de Leishmania positiva, tendo sido iniciado tratamento com Anfotericina B lipossomal. Apresentou melhora sintomática, porém com pouca melhora de pancitopenia, recebendo alta com proposta de seguimento ambulatorial e profilaxia secundária. É submetida a nova internação em Novembro/22 por piora laboratorial, apesar de assintomática. Manteve pesquisas para Leishmania positiva, sendo realizado novo ciclo de Anfotericina B lipossomal e recebeu alta com leve melhora. Evoluiu com nova pancitopenia grave, febre, astenia e perda de peso. Re-internada em Dezembro/2023 e realizado novo ciclo de anfotericina lipossomal e associada a tratamento para neutropenia febril, mas sem melhora do quadro. Após discussão com Grupo de Trabalho (GT) em Leishmaniose do Ministério da Saúde, é levantado a possibilidade de uso de Anfotericina B Lipossomal 30 mg/kg associado a Miltefosina 50mg 12/12 horas por 14 dias. Iniciado tratamento como última possibilidade terapêutica, com perspectiva de cuidados paliativos se ausência de melhora. Após 2 dias de uso da combinação, ocorreu piora significativa de função renal e suspensão de tratamento, mas paciente evoluiu para óbito devido complicações renais.
ConclusãoA LV acelera o processo inflamatório crônico do HIV e pacientes com imunossuprimidos grave podem apresentar resposta lenta ao tratamento convencional para LV, bem como maiores chances de recidivas. Apesar de estudo recente demonstrar maiores taxas de cura e menor recidiva em esquema terapêutico de Anfotericina B lipossomal e Miltefosina, no Brasil, não há orientação oficial para uso da combinação. O status imune é um fator importante que deve ser orientador para incorporação de novas estratégias terapêuticas no SUS. Essa terapia dupla pode vir a se tornar uma opção preferencial para determinados grupos, como imunodeprimidos graves e virgens de tratamento, na busca por melhor resposta terapêutica.