14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoA aspergilose pulmonar invasiva (API) ocorre predominantemente em pacientes onco-hematológicos com neutropenia prolongada. Entretanto, sua ocorrência após quadros infecciosos virais graves (como Influenza e COVID-19) têm sido cada vez mais descrita e estudada, principalmente no contexto de terapia intensiva.
ObjetivoRelatar o caso de um paciente com dengue grave que desenvolveu aspergilose invasiva pulmonar.
MétodoOs dados para descrição do caso foram obtidos através da revisão de prontuário.
ResultadosTrata-se de um paciente do sexo masculino, 27 anos, com antecedente de lúpus eritematoso sistêmico (LES), em uso de azatioprina. Deu entrada no serviço de emergência com hipotensão e taquicardia e história de febre alta, dor abdominal intensa e astenia há quatro dias. Em exames apresentava disfunção renal, linfopenia e plaquetopenia. A sorologia IgM para Dengue foi reagente. O paciente evoluiu com instabilidade hemodinâmica e necessidade de ventilação mecânica (VM) associada a febre persistente sem agentes isolados. Foi aventada hipótese de síndrome hemofagocítica (SHF) que foi confirmada após avaliação medular. O paciente então recebeu corticoterapia em doses altas e imunoglobulina endovenosa. Duas semanas depois, evoluiu com febre e piora de parâmetros ventilatórios. A tomografia do tórax evidenciou lesões nodulares com sinal do halo, sugestivas de aspergilose invasiva. A análise do lavado broncoalveolar revelou galactomanana com índice superior a 6 e PCR para Aspergillus fumigatus positivo. Após uma semana de tratamento com anfotericina lipossomal devido a disfunção hepática, houve melhora clínica e respiratória, com desmame da VM. Evoluiu na 4ª semana de internação com pancreatite aguda necrotizante e por refratariedade de tratamento clínico das coleções foi indicado abordagem cirúrgica. Entretanto, o paciente evoluiu a óbito no pós-operatório.
ConclusãoÉ reconhecido que pacientes críticos acometidos por quadros virais graves são mais propensos ao desenvolvimento de DFI como a Influenza associada a aspergilose pulmonar (IAPA). Contribuem para essa associação tempo de internação, exposição a antibióticos de amplo espectro, ventilação mecânica e corticoterapia, como no caso relatado. A relação entre Dengue grave e o desenvolvimento de API ainda foi pouco explorada, porém há alguns relatos em literatura da coinfecção em pacientes críticos cujo elo foi justamente a ocorrência de SHF. Dada a gravidade dessa associação, mais estudos são necessários a fim de evitar desfechos desfavoráveis.